A ausência de células endocervicais no esfregaço indica que a junção escamo-colunar (JEC) não foi amostrada. O patologista (laboratório) deve classificar esta amostra como inadequada e o profissional de saúde deve efetuar nova coleta(1).
O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento do câncer do colo do útero é o teste de Papanicolau ou exame citopatológico, que consiste no esfregaço da área do colo do útero conhecida como JEC (junção escamo colunar) – junção dos epitélios do canal do colo do útero e da vagina, onde ocorre a maioria dos cânceres de colo e das lesões pré-cancerígenas. As células que podem estar presentes na amostra são as representativas dos epitélios do colo do útero: células escamosas, células glandulares (não inclui o epitélio endometrial), células metaplásicas. A presença de células endocervicais é um critério válido para estabelecer a adequação do esfregaço para a detecção de displasias.
O Papanicolau reduz em torno de 80% o câncer do colo do útero e, portanto, deve ser oferecido às mulheres ou qualquer pessoa com colo do útero, na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual, incluindo homens trans e pessoas não binárias designadas mulheres ao nascer. A repetição do exame Papanicolau deve ser feita a cada 3 anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. Para as mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas, o exame deve ser realizado logo após o início da atividade sexual anualmente, após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de 6 meses. A coleta de citologia pode ser interrompida aos 65 anos, se há exames anteriores normais(2). Mulheres que não tiveram atividade sexual não estão sob risco para câncer de colo e por isso não há necessidade de rastreamento para este grupo.
Mulheres com células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásica (ASC-US) no resultado do Papanicolau devem repetir o exame citopatológico em 12 meses se tiverem idade entre 25 e 29 anos ou em 6 meses com idade igual ou maior que 30 anos. Nos casos de presença lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, deve-se repetir a citologia em 6 meses para todas as mulheres com idade igual ou superior a 25 anos. Mulheres com resultado de neoplasia intraepitelial I benigna ou maligna no exame histopatológico devem realizar acompanhamento citológico(3,4).
SOF relacionadas:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Manual de gestão da qualidade para laboratório de citopatologia. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: INCA, 2016:160p. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//livro_completo_manual_citopatologia-2016.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. rev. ampl. atual. Rio de Janeiro: INCA, 2016:114p. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diretrizesparaorastreamentodocancerdocolodoutero_2016_corrigido.pdf
3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Parâmetros técnicos para o rastreamento do câncer do colo do útero. Org; Dias MB, Ribeiro, CM. Rio de Janeiro. 2019:32p. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//parametros_tecnicos_colo_do_utero_2019.pdf
4. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Detecção precoce do câncer. Rio de Janeiro; 2021:72p. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/deteccao-precoce-do-cancer.pdf