Deve-se repetir o citopatológico quando o resultado contém apenas representação do epitélio escamoso?

| 12 agosto 2014 | ID: sofs-6916
Solicitante:
CIAP2:
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Quando o resultado do citopatológico apresenta esfregaços normais, somente com células escamosas, recomenda-se a repetição com intervalo de um ano, e, após dois exames normais consecutivos, o intervalo poderá ser de três anos, desde que empregada técnica correta para coleta do material, assim como a fixação do material na lâmina. (1)
Amostra satisfatória é aquela que apresente células em quantidade suficiente, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualização permita uma conclusão diagnóstica. Os aspectos de representatividade dos epitélios não constam no item de satisfação da amostra, mas deverá ser dada a informação (obrigatória) dos epitélios representados na amostra. É competência exclusiva do profissional responsável pela paciente decidir se a representatividade da amostra esta adequada, levando em consideração as condições próprias de cada uma, como a idade, estado menstrual, limitações anatômicas, objetivo do exame, entre outras. (2)
Anatomicamente o colo do útero é dividido em endocérvive, parte interna, que constitui o canal cervical e ectocérvice, parte externa, que mantêm contato com a vagina. A endocérvice é revestida por uma camada única de células cilíndricas produtoras de muco – epitélio colunar simples, também chamado glandular. A ectocérvice é revestida por um tecido de várias camadas de células planas – epitélio escamoso estratificado. Entre esses dois epitélios (colunar e escamoso), encontra-se a junção escamocolunar (JEC), que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endo cérvice, dependendo da situação hormonal da mulher. Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC situa-se dentro do canal cervical. No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geralmente a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse – ectopia ou eversão. Quando nessa situação, o epitélio colunar da endocérvice fica em contato com o ambiente vaginal ácido, hostil a essas células, e células subcilíndricas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se transformam em células mais adaptadas (escamosas), dando origem a um novo epitélio, entre os epitélios originais (colunar e escamoso), chamado de terceira mucosa ou zona de transformação. É na zona de transformação que se localizam mais de 90% das lesões precursoras ou malignas do colo do útero. (1)
É oportuno que se atente para a representatividade da JEC nos esfregaços vaginais (1), porém a amostra adequada pode não ter a representação completa da JEC, o que deverá ser avaliado pelo profissional. (2)
A presença de células metaplásicas ou células endocervicais (representativas da JEC) tem sido considerada indicador de qualidade da coleta, pelo fato de essa coleta objetivar a obtenção de elementos celulares representativos do local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero. Para garantir boa representação celular do epitélio do colo do útero, o exame citopatológico deve conter amostra do canal cervical, preferencialmente, coletada com escova apropriada, e da ectocérvice, coletada com espátula tipo ponta longa (espátula de Ayre). (1)
Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso, representando cerca de 80% dos casos, e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular. (1)
Sugere-se a discussão deste assunto com o(a) ginecologista da equipe NASF ou da atenção especializada do município.


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Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Controle dos cânceres do colo do útero e da mama.2. ed. Brasília: Ministério da Saúde. 2013;pp. 41 a 71. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab13 Acesso em: 12 ago 2014.
  2. Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais. – 3. ed. – Rio de Janeiro:Inca. 2012; pp 13 a 14. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/nomenclatura_laudo_cervical.pdf. Acesso em: 12 ago 2014.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família. 2010; 152 p.: il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf Acesso em: 12 ago 2014.
  4. Campos GWS, Domitti AC. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cad. Saúde Pública. 2007;  23 (2):399-407. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n2/16.pdf. Acesso em: 12 ago 2014.