Quando o resultado do citopatológico apresenta esfregaços normais, somente com células escamosas, recomenda-se a repetição com intervalo de um ano, e, após dois exames normais consecutivos, o intervalo poderá ser de três anos, desde que empregada técnica correta para coleta do material, assim como a fixação do material na lâmina. (1)
Amostra satisfatória é aquela que apresente células em quantidade suficiente, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualização permita uma conclusão diagnóstica. Os aspectos de representatividade dos epitélios não constam no item de satisfação da amostra, mas deverá ser dada a informação (obrigatória) dos epitélios representados na amostra. É competência exclusiva do profissional responsável pela paciente decidir se a representatividade da amostra esta adequada, levando em consideração as condições próprias de cada uma, como a idade, estado menstrual, limitações anatômicas, objetivo do exame, entre outras. (2)
Anatomicamente o colo do útero é dividido em endocérvive, parte interna, que constitui o canal cervical e ectocérvice, parte externa, que mantêm contato com a vagina. A endocérvice é revestida por uma camada única de células cilíndricas produtoras de muco – epitélio colunar simples, também chamado glandular. A ectocérvice é revestida por um tecido de várias camadas de células planas – epitélio escamoso estratificado. Entre esses dois epitélios (colunar e escamoso), encontra-se a junção escamocolunar (JEC), que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endo cérvice, dependendo da situação hormonal da mulher. Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC situa-se dentro do canal cervical. No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geralmente a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse – ectopia ou eversão. Quando nessa situação, o epitélio colunar da endocérvice fica em contato com o ambiente vaginal ácido, hostil a essas células, e células subcilíndricas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se transformam em células mais adaptadas (escamosas), dando origem a um novo epitélio, entre os epitélios originais (colunar e escamoso), chamado de terceira mucosa ou zona de transformação. É na zona de transformação que se localizam mais de 90% das lesões precursoras ou malignas do colo do útero. (1)
É oportuno que se atente para a representatividade da JEC nos esfregaços vaginais (1), porém a amostra adequada pode não ter a representação completa da JEC, o que deverá ser avaliado pelo profissional. (2)
A presença de células metaplásicas ou células endocervicais (representativas da JEC) tem sido considerada indicador de qualidade da coleta, pelo fato de essa coleta objetivar a obtenção de elementos celulares representativos do local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero. Para garantir boa representação celular do epitélio do colo do útero, o exame citopatológico deve conter amostra do canal cervical, preferencialmente, coletada com escova apropriada, e da ectocérvice, coletada com espátula tipo ponta longa (espátula de Ayre). (1)
Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso, representando cerca de 80% dos casos, e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular. (1)
Sugere-se a discussão deste assunto com o(a) ginecologista da equipe NASF ou da atenção especializada do município.