O que significa metaplasia escamosa imatura no resultado do Papanicolau (CP do colo de útero)?

| 8 agosto 2013 | ID: sofs-5472
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático: ,

Metaplasia escamosa imatura como resultado do exame citopatológico de colo uterino significa uma reparação, ou seja, decorre de lesões da mucosa do colo com exposição do estroma e pode ser originado por quaisquer agentes que determinem um processo inflamatório (candidíase, vaginose bacteriana, etc), sendo geralmente a fase final.
Recomenda-se seguir a rotina de rastreamento citopatológico, não precisando realizar tratamento algum ou encaminhar ao especialista focal. No Brasil, conforme determinação do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o exame citopatológico do colo uterino deve ser priorizado para mulheres de 25 a 64 anos, uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. (1)


Na prevenção e controle do câncer do colo do útero, muitas ações são executadas na atenção primária à saúde, desde aquelas voltadas para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), até as dirigidas para a detecção precoce do câncer: informação e esclarecimento da população sobre o rastreamento, identificação da população feminina na faixa etária prioritária, identificação de mulheres com risco aumentado (acesso), convocação para exame, realização da coleta da citologia, identificação de faltosas e reconvocação (longitudinalidade), recebimento dos laudos, identificação das mulheres com resultados positivos ao rastreamento para vigilância do caso, orientação e encaminhamento das mulheres para unidade secundária, avaliação da cobertura de citologia na área, avaliação da qualidade da coleta e supervisão dos técnicos para coleta, planejamento e execução de ações, na área sob responsabilidade sanitária da equipe, voltadas para a melhoria da cobertura do exame. A equipe é também responsável pela vigilância dos casos encaminhados para confirmação diagnóstica e tratamento, identificação de falhas no acesso e fechamento dos casos. Pode também oferecer diferentes modalidades de suporte a pacientes em tratamento curativo ou paliativo.
A incidência do câncer do colo do útero em mulheres até 24 anos é muito baixa, a maioria dos casos é diagnosticada no estádio I e o rastreamento é menos eficiente para detectá-los. Esses dados explicariam porque a antecipação do início do rastreamento dos 25 para os 20 anos tem impacto muito limitado e avaliado como não vantajoso. Por outro lado, o início mais precoce representaria um importante aumento de diagnósticos de lesões de baixo grau, consideradas não precursoras e representativas apenas da manifestação citológica da infecção pelo HPV, que têm grande probabilidade de regressão e resultariam em um número significativo de colposcopias e procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários.
Tais fatos vêm sendo considerados em recomendações de diversos países em relação ao início do rastreamento. Recomendações internacionais vêm retardando o início do rastreamento do câncer do colo do útero. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Câncer (ACS) indicava o rastreio após o início da atividade sexual. Posteriormente, passou a recomendar que fosse realizado a partir dos 18 anos e, em 2002, passou a adotar três anos depois do início da atividade sexual, com limite máximo aos 21 anos. Em 2009, o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) eliminou a regra de três anos depois do início da atividade sexual e passou a recomendar o rastreio apenas a partir dos 21 anos de idade. Na Europa, o rastreamento do câncer do colo do útero é iniciado preferencialmente entre 25 e 30 anos de idade, com algumas variações regionais.
Há menos evidências objetivas sobre quando as mulheres devem encerrar a coleta de espécimes para exame citopatológico no rastreamento do câncer do colo do útero. Há uma tendência de ampliar o intervalo entre as coletas em mulheres com idade mais avançada, como propõem as recomendações atuais da OMS. De qualquer forma, mesmo em países com população de alta longevidade, não há dados objetivos de que o rastreamento seja útil após os 65 anos.

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Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2a Edição revista, ampliada e atualizada.  Rio de Janeiro: INCA, 2016. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/DDiretrizes_para_o_Rastreamento_do_cancer_do_colo_do_utero_2016_corrigido.pdf> Acesso em: 12 abr 2017.