Um dispositivo intrauterino de levonorgestrel é comparável a um dispositivo intrauterino de cobre T380A para uso como anticoncepção de emergência?

| 02 dez 2021 | ID: poems-44461

Área Temática:

Questão Clinica:

Um dispositivo intrauterino de levonorgestrel é comparável a um dispositivo intrauterino de cobre T380A para uso como anticoncepção de emergência?
Resposta Baseada em Evidência:

Um dispositivo intrauterino de levonorgestrel (DIU-LNG) não é inferior a um DIU T380A de cobre (ParaGard) para uso como anticoncepção de emergência até 5 dias após a relação sexual desprotegida. A taxa de gravidez em 4 semanas após a inserção foi de 0,3% com o DIU-LNG e de 0,0% com o DIU de cobre. Os eventos adversos foram menores e não significativamente diferentes entre os métodos. (Nível de Evidência = 1b)

Alertas:

Contexto:

O DIU T380A de cobre está bem estabelecido como anticoncepcional de emergência quando colocado dentro de 5 dias após a relação sexual desprotegida. Esses autores conduziram um ensaio clínico randomizado simples-cego para determinar se o DIU-LNG é não inferior ao DIU de cobre. Eles usaram a marca Liletta LNG-IUD, que é equivalente ao Mirena e consideraram não inferior uma diferença de menos de 2,5 pontos percentuais na taxa de gravidez em 28 dias após a inserção. A análise foi por intenção de tratar modificada. As mulheres que solicitaram anticoncepção de emergência e escolheram o DIU como método (N = 638) foram inscritas e randomizadas 1: 1 para receber um DIU-LNG ou um DIU de cobre. As participantes e os avaliadores de resultados foram mascarados para o grupo de estudo, mas não foi viável mascarar os médicos. As mulheres incluídas tinham idades entre 18 e 35 anos e tinham uma história de relação sexual desprotegida dentro de 5 dias (120 horas) antes da inscrição, um teste de gravidez de urina negativo, uma história de ciclos menstruais regulares, uma data conhecida da última menstruação (até dentro de 3 dias), e um desejo de evitar a gravidez por pelo menos um ano. Os critérios de exclusão foram amamentação, sangramento vaginal de etiologia desconhecida, uso atual de um método anticoncepcional altamente eficaz, infecção intrauterina nos últimos 3 meses, gonorreia não tratada ou infecção por clamídia nos últimos 30 dias, alergia ao cobre, uso de emergência oral contracepção nos últimos 5 dias e anomalias da cavidade uterina. A gravidez foi avaliada aproximadamente um mês após a inserção do DIU (28 a 30 dias). Houve uma gravidez no grupo LNG-DIU e nenhuma no grupo de cobre T380A DIU (1/317 – 0,3%; Intervalo de confiança [IC]95% 0,01 a 1,7, contra 0/321 – 0%; [IC]95% 0,0 a 1,1; NS). Não houve eventos adversos graves em 30 dias. Eventos menores, como sangramento e dor, não foram diferentes entre os grupos (17/327, 5,2% contra 16/328, 4,9% – IC 95% não apresentado nem comentado no texto).

Referencia

Turok DK, Gero A, Simmons RG, et al. Levonorgestrel vs. copper intrauterine devices for emergency contraception. N Engl J Med 2021;384(4):335-344. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2022141?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&rfr_dat=cr_pub++0pubmed

Outros estudos:

Pocius, KD., Bartz, DA.. Intrauterine contraception: Management of side effects and complications. In W. Kluwer (Ed.), UpToDate. Waltham, Mass.: UpToDate, 2021. Disponível em:  https://www.uptodate.com/contents/intrauterine-contraception-management-of-side-effects-and-complications?source=history_widget#H1644153901

 

Comentários:

Este é um estudo do tipo não inferioridade, onde autores buscam demonstrar que uma intervenção, geralmente não a habitualmente utilizada, tem, no mínimo, os mesmos efeitos que a primeira, mas com algum outro benefício agregado. No caso do DIU de levonorgestrel, sua utilização na prática do SUS ainda não é corriqueira, contrariamente ao DIU de Cobre, mais utilizado, ainda que não tanto quanto se poderia usar. Os resultados do estudo demonstram que o DIU hormonal é uma opção na prática, com perfil conhecido de menor efeitos adversos em comparação ao DIU de Cobre.

Data de acesso:

Endereço:

https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2022141?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&rfr_dat=cr_pub++0pubmed

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, julho 2021