O tratamento medicamentoso mais intensivo da hipertensão arterial sistêmica diminuiu em 7% a probabilidade de hipotensão ortostática postural (razão de chances [OR] 0,93; intervalo de confiança de 95% 0,86–0,99). Hipotensão ortostática foi definida como uma diminuição em 20 mm Hg na pressão arterial sistólica ou 10 mm Hg na diastólica, entre a posição sentada e a de pé. Múltiplas análises de subgrupo não encontraram diferenças importantes, mas esse efeito protetor foi mais evidente entre pessoas que tinham pressão arterial em pé < 110 mmHg antes da randomização (0,66; 0,48‒0,91) do que entre as demais (0,96; 0,89–1,04), e entre as pessoas sem (0,90; 0,83–0,98) do que aquelas com diabetes (1,10; 0,96–1,27).
Esta foi uma revisão sistemática com meta-análise com dados de participantes individuais. Foram incluídos cinco ensaios controlados randomizados comparando diferentes intensidades de tratamento, além de quatro comparando tratamento medicamentoso com placebo, num total de 18,5 mil participantes e 127,9 mil consultas de seguimento. Não foram avaliados sintomas de hipotensão arterial, nem quedas. Todas as pesquisas originais comparam a pressão arterial entre as posturas sentada e em pé, apesar de a comparação entre deitada e em pé ser atualmente mais recomendada. O número de medidas de pressão arterial e o tempo desde que a pessoa estava de pé variou de um estudo para outro. Atualmente se sabe que a medida com menos de um minuto tem maior valor preditivo para quedas. Não foi avaliado o efeito por classe de medicamentos anti-hipertensivos.
Juraschek SP, Hu JR, Cluett JL. Effects of intensive blood pressure treatment on orthostatic hypotension: a systematic review and individual participant-based meta-analysis. Ann Intern Med 2021;174(1):58-68. Disponível em: https://doi.org/10.7326/M20-4298
A hipotensão postural deve ser prevenida através da introdução gradual dos medicamentos, e não diminuindo a intensidade do tratamento. Pesquisar hipotensão postural parece não ser necessário nem para decidir se o tratamento medicamentoso pode ser iniciado ou intensificado (porque o efeito foi semelhante entre pessoas com e sem hipotensão prévia), nem para monitorar efeitos adversos do tratamento (porque a intensificação parece diminuir o risco). Como os sintomas de hipotensão postural e as quedas não foram avaliados por esta revisão sistemática, ambos ainda podem ser valorizados como efeitos adversos do tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. No entanto, os resultados sugerem (indiretamente) que o tratamento medicamentoso anti-hipertensivo diminua o risco de sintomas hipotensivos e quedas, já que ambos se correlacionam com a hipotensão postural como definida pela diferença de pressão arterial entre as posturas.