Evidência de baixa qualidade sugere que os pacientes tratados em casa com Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) podem ter menor probabilidade de recorrência de Tromboembolismo Venoso (TEV) do que os tratados no hospital. A avaliação de economia da saúde constatou que o custo do gerenciamento domiciliar foi menor por episódio tratado.
Os dados não mostram diferenças claras em relação ao desfecho de hemorragias maiores ou menores, nem na mortalidade (evidência de baixa qualidade), indicando que o tratamento domiciliar, a priori, não é pior do que o tratamento hospitalar para esses desfechos.
A qualidade da evidência para dados de meta-análises foi baixa a muito baixa. Número significativo de participantes do grupo de intervenção (tratamento domiciliar) não foi tratado apenas em casa. Houve heterogeneidade em achados e em resultados dos estudos maiores, dificultando a interpretação e aplicação dos resultados. Muitos dos estudos incluídos usaram técnicas de randomização pouco claras, e questões relativas ao cegamento também preocuparam os revisores. Alguns estudos compararam tratamentos diferentes: Heparina não Fracionada (HNF) hospitalar e Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) domiciliar.
Um grande número de participantes elegíveis foi excluído dos ensaios antes mesmo da randomização, levantando preocupações sobre a aplicabilidade.
A Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) permite que pessoas com Tromboembolismo Venoso (TEV) recebam seu tratamento inicial em casa, ao invés de no hospital. Sistemas de saúde estão se organizando para a oferta domiciliar de HBPM, e o tratamento domiciliar provavelmente se tornará o formato de atenção normativo (Othieno et al, 2018).
A previsão destes autores é que diretrizes definirão regras clínicas preditivas que, somadas a biomarcadores em estudo, e a exames de imagens, possam ser usadas para adequar a terapia à gravidade da doença. Profissionais de saúde devem estar aptos administrar o tratamento e monitorar o progresso do tratamento.
Othieno R et al. Home versus in-patient treatment for deep vein thrombosis. Cochrane Reviews, 2018, Issue 1. Art. No.: CD003076.DOI: 10.1002/14651858. CD003076.pub3. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003076.pub3/full
Revisão Cochrane envolvendo sete ECRs e 1.839 pacientes randomizados em braços de tratamento comparáveis. Pacientes tratados em casa com HBPM tiveram menos probabilidade de ter recorrência de TEV do que aqueles que receberam tratamento hospitalar com HNF ou HBPM (RR= 0,58, IC95%= 0,39 a 0,86; 6 estudos, 1.708 participantes, p= 0,007). Não houve diferença entre os grupos para sangramento maior (RR=0,67, IC95%=0,33 a 1,36; 6 estudos; 1.708 participantes; p=0,27); sangramento menor (RR=1,29, IC95%=0,94 a 1,78; 6 estudos, 1.708 participantes, p = 0,11); mortalidade (RR=0,69, IC 95%=0,44 a 1,09; 6 estudos; 1.708 participantes; p = 0,11
Uma pequena avaliação econômica randomizada dos dois cenários alternativos de tratamento, envolvendo 131 participantes, constatou que os custos diretos foram maiores para aqueles no grupo de pacientes internados, achados que foram apoiados por três outros estudos que relataram seus custos (evidências de qualidade muito baixa).
Quanto a qualidade de vida, não foi possível realizar metanálise devido à heterogeneidade. Dois estudos encontraram evidências de melhora e um terceiro estudo relatou desejo de mudança e preferência de pacientes por cuidados domiciliares por razões sociais e pessoais.