BVS Atenção Primária em Saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
O tratamento da anemia nutricional por deficiência de ferro (ADF) em lactentes e crianças com sulfato ferroso resultou em níveis significativamente mais altos de hemoglobina e ferritina sérica – além de uma proporção maior com resolução completa da anemia – do que o tratamento com o complexo polissacarídeo de ferro. Ambas as formas de ferro foram igualmente toleradas.
Investigadores identificaram crianças entre 9 e 48 meses de idade com diagnóstico de deficiência nutricional de ferro, definida por hemoglobina ≤ e ferritina sérica ≤ 15ng/mL ou capacidade ferropéxica de 425µg ou maior. Pacientes elegíveis (N=80) receberam, através da ocultação de alocação, ou sulfato ferroso em gotas orais (15mg/mL), ou complexo polissacarídeo de ferro em gotas (15mg/mL). Usando a análise por intenção de tratar após 12 semanas de terapia, a concentração média da hemoglobina aumentou significativamente mais no grupo do sulfato ferroso do que do complexo polissacarídeo (diferença do nível da hemoglobina entre os grupos dos valores de base de 1,0g/dL [Intervalo de confiança -IC- de 95% entre 0,4 e 1,6], a favor do sulfato ferroso. Embora mais familiares das crianças relataram diarreia com o complexo de polissacarídeo, não houve diferença significativa nos perfis de efeitos adversos gastrointestinais gerais.
Powers JM, Buchanan GR, Adix L, Zhang S, Gao A, McCavit TL. Effect of low-dose ferrous sulfate vs iron polysaccharide complex on hemoglobin concentration in young children with nutritional iron-deficiency anemia. A randomized clinical trial. JAMA 2017;317(22):2297-2304. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2631530
A suplementação com sulfato ferroso em gotas é uma prática corriqueira em Atenção Primária e é amplamente disponível na rede básica. Os resultados deste trial consolidam o uso desta preparação da medicação, em comparação ao complexo de polissacarídeo de ferro, mais caro e indisponível na farmácia básica do SUS. Apesar de ser um estudo com financiamento da indústria que produz o polissacarídeo e financia o autor principal, não participou em nenhum momento do delineamento e execução da pesquisa.