Vários estudos concluíram que os AINEs são inferiores aos antibióticos, estando inclusive associados a maior risco de evolução para pielonefrite.
Embora as ITUs não complicadas em mulheres possam ser autolimitadas e se resolver sem tratamento medicamentoso, a pielonefrite é uma complicação preocupante. Em vista disso, a terapia empírica com antibióticos é bastante comum. Ainda que existam preocupações quanto à resistência microbiana aos antibióticos, o risco em não prescrever antibioticoterapia nos quadros de ITU é maior.
Estudo randomizado, controlado, duplo-cego, comparou a eficácia do ibuprofeno e do pivmecillinam (penicilina ativa contra germes Gram-negativos) no tratamento de mulheres com ITU não complicada. O estudo incluiu 383 mulheres não grávidas com idade entre 18 e 60 anos com sintomas dessa infecção. As pacientes foram randomizadas (na proporção 1:1) para tratamento com 600mg de ibuprofeno ou 200mg de pivmecilliam, ambos três vezes ao dia durante três dias. O desfecho primário, resolução dos sintomas no quarto dia, foi alcançado por 38,7% das pacientes do grupo ibuprofeno e por 73,6% do grupo antibiótico (DR 35%; IC90% 27-43%). Somente após quatro semanas, 53% das pacientes do grupo ibuprofeno apresentou melhora clínica. Como desfechos secundários, ocorreram 7 casos de pielonefrite, todos no grupo ibuprofeno, sendo que, dessas pacientes, 5 foram hospitalizadas em estado grave.
Vik I, Bollestad M, Grude N, et al. Ibuprofen versus pivmecillinam for uncomplicated urinary tract infection in women – a double-blind, randomized non-inferiority trial. PLoS Med 2018;15(5):e1002569. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5953442/
O uso de AINES em substituição ao uso de antibióticos no tratamento de ITU não complicada em mulheres, além de não ser eficaz, traz riscos à saúde. Dessa forma, diante de um caso de ITU inferior sem complicações, a melhor intervenção ativa segue sendo a antibioticoterapia.