O uso regular de azitromicina diminui a frequência de exacerbações em adultos com asma persistente?

| 01 out 2021 | ID: poems-44175

Área Temática:

Questão Clinica:

O uso regular de azitromicina diminui a frequência de exacerbações em adultos com asma persistente?
Resposta Baseada em Evidência:

Neste estudo bem conduzido, financiado pelo governo da Austrália, de adultos com asma persistente que inalam corticosteroides e beta-agonistas de ação prolongada, a adição de 500 mg de azitromicina 3 vezes por semana reduziu a frequência de exacerbações. Para cada exacerbação evitada, no entanto, um paciente experimentará diarreia.

Alertas:

Contexto:

Neste estudo multicêntrico, após um período de duas semanas para estabelecer estabilidade e adesão geral a um regime de tratamento da asma, os pesquisadores designaram aleatoriamente adultos com asma persistente sintomática, independentemente do uso de corticosteroides inalados e beta-agonistas de ação prolongada, para receber azitromicina (500 mg 3 vezes por semana; n = 213) ou placebo (n = 207) por 48 semanas. A equipe de pesquisa regularmente avaliou as exacerbações dos participantes, uso de medicamentos, adesão e eventos adversos por meio consultas e telefonemas. Os pesquisadores avaliaram os 2 desfechos primários (exacerbações e qualidade de vida) usando a intenção de tratar. Os pacientes tratados com azitromicina apresentaram menos exacerbações (1,07 por ano; IC95% 0,85 – 1,29) do que aqueles tratados com placebo (1,86; 1,54 – 2,18), com RR de 0,59, 95% IC 0,47 a 0,74; p<0·0001. Além disso, 44% dos pacientes tratados com azitromicina apresentaram pelo menos uma exacerbação em comparação com 61% dos pacientes tratados com placebo (número necessário para tratar = 6; 95%IC entre 4 e 13). A azitromicina foi eficaz na redução da frequência de exacerbações em vários subgrupos planejados de pacientes: aqueles com eosinofilia no escarro, exacerbações frequentes, tosse crônica ou patógenos bacterianos no escarro basal. Não houve diferença na taxa de eventos adversos graves ou de abandono do estudo devido a efeitos colaterais. Mais pacientes tratados com azitromicina apresentaram diarreia (34%) do que pacientes tratados com placebo (19%; número necessário para causar dano= 7; 5 – 16).

Referencia

Gibson PG, Yang IA, Upham JW, et al. Effect of azithromycin on asthma exacerbations and quality of life in adults with persistent uncontrolled asthma (AMAZES): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet 2017;390(10095):659-668. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28687413/

Comentários:

Observando a diferença do número de exacerbações entre os grupos, os autores colocam o resultado dentro de uma visão que favorece o uso do antimicrobiano, mas não fornecem dados para calcular o Número Necessário para Tratar. Quando há uma diferença das incidências considerável, o resultado é mostrado desta forma (NNT 6 para evitar uma exacerbação), ao passo que o número para causar dano (diarreia) é semelhante ao de se evitar a exacerbação. Obviamente aquele evento é mais grave que este, porém o formato de se mostrar os resultados é insuficiente. Na prática, usar Azitromicina 3x/semana durante um ano é, ainda, uma questão difícil.

Data de acesso:

Endereço:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28687413/

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, Maio 2020