BVS Atenção Primária em Saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Esta revisão constatou que uma dose relativamente alta de testosterona (> 500 mg / semana) pode ser eficaz na redução dos sintomas depressivos em homens com depressão resistente ao tratamento. Os resultados foram independentes da idade, nível basal de testosterona e gravidade da depressão.
Pesquisadores realizaram uma revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados que avaliassem os efeitos da testosterona no tratamento da depressão. Um total de 27 estudos (N = 1890 pacientes) atendeu aos critérios de inclusão, sendo a maioria com risco elevado ou não claro de viés, principalmente devido à notificação incompleta dos procedimentos de randomização e ocultação da alocação, o que pode superestimar significativamente o efeito do tratamento. O tratamento com testosterona foi associado a uma melhora significativa nos escores de sintomas depressivos em comparação com o placebo (odds ratio = 2,30; IC95% 1,3 – 4,06).
Walther A, Breidenstein J, Miller R. Association of testosterone treatment with alleviation of depressive symptoms in men. A systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry 2019;76(1):31-40. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2712976
A qualidade geral das evidências disponíveis é de baixa a muito baixa; portanto, são necessários mais ensaios clínicos melhor projetados para orientar de maneira confiável a tomada de decisões clínicas. Importante frisar que este resultado fala a favor de uma dose alta de testosterona em pacientes cuidadosamente selecionados. No entanto, a diferença atendeu aos critérios mínimos para uma redução clinicamente relevante dos sintomas e apenas em homens com depressão resistente ao tratamento. A dose de testosterona provavelmente foi um fator importante, uma vez que apenas os ensaios que usaram doses superiores a 500 mg por semana relataram benefícios significativos. Estudos anteriores relataram um risco aumentado de eventos adversos cardiovasculares com doses de 100 mg por dia em homens com 65 anos ou mais. Além disso, a relação entre uso de testosterona e neoplasia de próstata é bem estabelecida. Uma análise formal do gráfico de funil para viés de publicação identificou subnotificação de estudos negativos, o que também pode levar a uma estimativa hipervalorizada do verdadeiro efeito do tratamento. Nem a idade, o nível basal de testosterona, incluindo a presença ou ausência de hipogonadismo, nem a gravidade da depressão foram moderadores do efeito do tratamento com testosterona nos sintomas depressivos. As taxas gerais de abandono devido a eventos adversos foram semelhantes entre os participantes tratados com testosterona e tratados com placebo.