Ao longo de um período de 10 anos, as taxas de detecção de câncer colorretal e adenomas avançados usando testes imunohistoquímicos fecais são semelhantes aos observados usando-se colonoscopia. Entretanto, ainda não se sabe se os testes imunohistoquímicos fecais reduzem a morbi-mortalidade associadas ao câncer colorretal tanto quanto a colonoscopia. Se essa efetividade for comprovada no futuro, um programa de rastreamento baseado em testes não invasivos diminuiria consideravelmente o número de colonoscopias, o que reduziria o custo ao sistema de saúde, o desconforto e os riscos causados ao paciente (Nível de evidência 2b).
Duas estratégias amplamente recomendadas para o rastreamento de câncer colorretal são o teste imunohistoquímico para pesquisa de sangue oculto fecal e a colonoscopia. Embora a colonoscopia seja mais sensível que o teste imunohistoquímico fecal, principalmente na detecção de adenomas avançados, o que importa é o desempenho em um programa de rastreamento de longo prazo, e não a acurácia em um único tempo.
Um estudo que incluiu pessoas de 50 a 69 anos do norte da Itália, analisou o desempenho do teste imunohistoquímico fecal a cada 2 anos durante 10 anos (5 testagens) no rastreamento de câncer colorretal. A taxa de detecção de CCR foi maior na primeira rodada de triagem quando as lesões mais prevalentes foram detectadas (3,3/1.000 pessoas), diminuindo nas rodadas subsequentes e estabilizando após a terceira rodada (~1/1.000 pessoas). Entre as rodadas 3 e 6, a taxa de detecção diminuiu ligeiramente de 0,95 para 0,84 por 1.000. Um padrão semelhante foi observado para adenomas avançados, declinando de 15,9 por 1.000 pessoas para aproximadamente 10 por 1.000 pessoas nas realizações subsequentes. Durante o período de 10 anos do estudo, a taxa cumulativa de resultados positivos do TIF foi de 25% para homens e 17,6% para mulheres. A taxa cumulativa para o adenoma avançado foi de 60 por 1.000 pessoas e para o CCR foi de 8,5 por 1.000 pessoas. Essas taxas são semelhantes às observadas em estudos de colonoscopia na Itália e nos Estados Unidos.
Zorzi M, Hassan C, Capodaglio G, et al. Long-term performance of colorectal cancer screening programmes based on the faecal immunochemical test. Gut 2018;67(12):2124-2130. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29101260/
Há uma necessidade de uso racional dos recursos em qualquer sistema de saúde. Se impactar em morbimortalidade, o FIT pode vir a ser uma boa opção para rastreamento de CCR, já que a colonoscopia requer um especialista, material e estrutura para a sua realização.