O quanto são efetivos e seguros os anticonvulsivantes na prevenção de crises em pessoas com tumores cerebrais?
Resposta Baseada em Evidência:
As drogas anticonvulsivantes fenitoína, fenobarbital e divalproato de sódio, comparados com placebo ou nenhum tratamento, não foram mais ou menos eficazes na prevenção de uma primeira convulsão em 404 pessoas com tumores cerebrais.
Alertas:
O risco de efeitos adversos, como náuseas, erupção cutânea, gengivas doloridas, mielossupressão, vertigem, visão turva, tremores e instabilidade da marcha foi maior para aqueles que usaram anticonvulsivantes (NND * 3). Não foram identificados estudos avaliando o uso das novas drogas anticonvulsivantes. Drogas anticonvulsivantes podem também interagir com quimioterápicos e corticosteróides.
* NND = número necessário para o tratamento causar danos em um indivíduo. (ou, em outras palavras, de cada três pessoas tratadas com anti-epiléticos, uma tem dano).
Contexto:
Até 60% das pessoas com tumores cerebrais podem apresentar convulsões, ou podem ter uma convulsão pela primeira vez após o diagnóstico ou neurocirurgia. O risco de convulsões varia de acordo com o tipo e a localização do tumor no cérebro. Convulsões têm um impacto negativo na qualidade de vida, afetando atividades da vida diária, a independência, o trabalho e a condução de veículos.
Esta revisão joga por terra mais uma indicação “profilática” de anticonvulsivantes. Pacientes com tumores cerebrais com ou sem cirurgia não se beneficiam de anticonvulsivantes profiláticos. Isto tem impacto no acompanhamento destes pacientes, já que o uso do anticonvulsivante carrega consigo uma carga de estigma considerável.
O gestor deve favorecer a comunicação entre atenção especializada e atenção primária no sentido de qualificar a conduta de ambos e criar linhas de cuidado não conflitantes, em que estas informações se façam presentes.
O tumor primário de encéfalo representou em 2007 3,9% de todas as mortes por câncer em homens, e 4,2% em mulheres (dados do Inca disponível em http://www1.inca.gov.br/vigilancia).
Tradução e comentários da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, julho 2010.