Resfriados melhoram com, sem ou apesar dos medicamentos, e a tosse dos mesmos também. Há pouca evidência de benefício para os medicamentos mais comumente usados para a condição autolimitada do resfriado comum. Em última análise, os médicos podem agir na ausência de boas evidências, desde que na ausência de evidência de danos, sendo razoável recomendar opções seguras para o tratamento da tosse, mesmo que a evidência ótima não esteja disponível. Estes tratamentos incluem mel, dextrometorfano e possivelmente zinco para pacientes com tosse.
Os autores fizeram ampla revisão bibliográfica cuidadosa, identificando ensaios clínicos randomizados (ECR), bem como revisões sistemáticas anteriores, e atualizaram as buscas das revisões sistemáticas publicadas e ao final fizeram recomendações baseadas em evidências a partir de um painel de especialistas que analisaram as evidências.
A tosse aguda associada ao resfriado comum, embora benigna e auto-limitada, pode ter impacto na qualidade de vida ao longo do processo infeccioso virótico, resultando em prejuízo de atividades pessoais e profissionais.
Pacientes cobram insistentemente dos profissionais de saúde medidas eficazes para o alívio deste sintoma.
Malesker MA, Callahan-Lyon P, Ireland B, Irwin RS, CHEST Expert Cough Panel. Pharmacologic and nonpharmacologic treatment for acute cough associated with the common cold: CHEST Expert Panel Report. Chest 2017;152(5):1021-1037. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6026258/
Outros estudos:
Pratter MR. Cough and the common cold: ACCP evidence-based clinical practice guidelines. Chest. 2006;129(1 suppl):72S-74S. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0012-3692(15)52834-1
Foi realizada uma revisão sistemática sobre a gestão da tosse relacionada ao resfriado comum, tendo como objetivo atualizar as recomendações da diretriz do CHEST (Pratter, 2006) sobre este tópico. Foram inclusos ensaios randomizados de qualquer tratamento para tosse aguda em pacientes com infecção do trato respiratório superior ou resfriado comum. Foram excluídos quaisquer estudos com alto risco de viés pela análise Cochrane Risk of Bias for ECRs. A partir da revisão sistemática, o painel de especialistas revisou as evidências e fez as seguintes recomendações:
O painel de especialistas recomenda contra o uso de quaisquer medicamentos contendo codeína em crianças;
Recomendam contra o uso de antiinflamatórios não-esteróides, devido à falta de eficácia comprovada e danos potenciais;
Recomendam contra a disponibilidade de medicamentos para resfriado comum sem receita, disponíveis em farmácias dos Estados Unidos para tratar a tosse;
Não há boa evidência apoiando ou refutando os benefícios de outros medicamentos antitussígenos, expectorantes, mucolíticos, anti-histamínicos ou combinações de qualquer um deles;
Não há evidência suficiente para fazer qualquer recomendação para a acetilcisteína ou carbocisteína;
Para crianças com mais de um ano e adolescentes, o mel é provavelmente melhor que placebo ou difenidramina para a tosse, mas não melhor que o dextrometorfano. Lembrando que para menor de um ano não se deve usar o mel devido à associação entre o risco de concentração de Clostridium botullium e o baixo peso corporal
Apesar de comparável ao mel, os especialistas não recomendam o uso de dextrometorfano, que é também contra-indicado em menores de 2 anos.
O zinco apresentou evidências contraditórias e parte do benefício foi atribuído à uma suposta deficiência subjacente de zinco em alguns países de análise dos estudos, assim como a dificuldades de mascarar para o tratamento. O painel também não recomendou o uso de zinco.