Mulheres com Papanicolaou normal aos 50 anos têm menor probabilidade de desenvolver câncer de colo uterino à medida que envelhecem

| 01 out 2021 | ID: poems-44079

Área Temática:

Questão Clinica:

Algumas mulheres com mais de 60 anos de idade podem parar de realizar o Papanicolaou?
Resposta Baseada em Evidência:

As mulheres que têm exames regulares em seus anos 50 e com resultados normais, não se beneficiam de manter a rotina de CP aos 60 anos e podem compartilhar a decisão sobre não mais rastrear o câncer de colo uterino.

Alertas:

Por outro lado, mulheres que nunca foram rastreadas antes dos 60 anos, ou tiveram anormalidades descobertas aos 50 estão sob risco aumentado para o câncer de colo e podem se beneficiar de manter o rastreio entre 60 e 65 anos (Grau de evidência 1b)

Contexto:

Pesquisadores avaliaram dados de 569.132 mulheres suecas desde seus 51 anos de idade, usando registros populacionais. Foram calculadas incidências cumulativas de neoplasia cervical uterina dos 61 aos 80 anos, separando-as em 3 grupos etários aos 60 anos: Não rastreadas, rastreadas com anormalidades nos 50 e rastreadas com resultados normais nos 50. A incidência cumulativa de câncer cervical nas mulheres entre 61 a 80 anos adequadamente rastreadas e com resultados normais entre 51 e 60 anos foi de 1,6/1000 e de 2,5/1000 para aquelas inadequadamente rastreadas, mesmo com resultados normais (sem significância estatística). Rastreamento posterior deste grupo não se mostrou associado significativamente com uma diminuição no câncer cervical entre os 61 e 80 anos de idade. Nas mulheres que não foram rastreadas entre 51 e 60 anos a incidência até os seus 80 anos foi 5/1000 e manter o rastreamento diminuiu esta incidência para 3,3/1000. Aquelas mulheres rastreadas com resultados anormais tinham essa incidência aos 80 anos de 9,7/1000 com lesões de baixo grau e 15,3/1000 nas lesões de alto grau (se rastreio não foi continuado). Nas mulheres com lesões de baixo e alto grau na sua década de 50 anos, manter rastreamento diminuiu a probabilidade do câncer cervical para 5,8 e 7,5 casos por 1000 mulheres, respectivamente.

Referencia

Wang J, Andrae B, Sundstrom K, et al. Effectiveness of cervical screening after age 60 years according to screening history: Nationwide cohort study in Sweden. PLoS Med 2017;14(10):e1002414. Disponível em: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002414

 

Outros estudos:

Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância.  Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero

Comentários:

A política brasileira de rastreamento do câncer de colo uterino indica a coleta do CP a partir dos 25 anos, até os 64. No entanto, na prática, pode-se verificar que há cobertura elevada (muitos exames entre as mulheres em idade fértil), mas com foco baixo (menos exames na faixa etária aqui estudada). Este estudo demonstra que, se mantivermos a energia em manter o foco, ou seja, realizar busca ativa, estimular as mulheres com idade preconizada evitando coletar mais vezes naquelas fora da faixa etária adequada, a probabilidade de redução do número de cânceres poderá ser maior.

Data de acesso:

Endereço:

https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002414

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, setembro 2019