As mulheres que têm exames regulares em seus anos 50 e com resultados normais, não se beneficiam de manter a rotina de CP aos 60 anos e podem compartilhar a decisão sobre não mais rastrear o câncer de colo uterino.
Por outro lado, mulheres que nunca foram rastreadas antes dos 60 anos, ou tiveram anormalidades descobertas aos 50 estão sob risco aumentado para o câncer de colo e podem se beneficiar de manter o rastreio entre 60 e 65 anos (Grau de evidência 1b)
Pesquisadores avaliaram dados de 569.132 mulheres suecas desde seus 51 anos de idade, usando registros populacionais. Foram calculadas incidências cumulativas de neoplasia cervical uterina dos 61 aos 80 anos, separando-as em 3 grupos etários aos 60 anos: Não rastreadas, rastreadas com anormalidades nos 50 e rastreadas com resultados normais nos 50. A incidência cumulativa de câncer cervical nas mulheres entre 61 a 80 anos adequadamente rastreadas e com resultados normais entre 51 e 60 anos foi de 1,6/1000 e de 2,5/1000 para aquelas inadequadamente rastreadas, mesmo com resultados normais (sem significância estatística). Rastreamento posterior deste grupo não se mostrou associado significativamente com uma diminuição no câncer cervical entre os 61 e 80 anos de idade. Nas mulheres que não foram rastreadas entre 51 e 60 anos a incidência até os seus 80 anos foi 5/1000 e manter o rastreamento diminuiu esta incidência para 3,3/1000. Aquelas mulheres rastreadas com resultados anormais tinham essa incidência aos 80 anos de 9,7/1000 com lesões de baixo grau e 15,3/1000 nas lesões de alto grau (se rastreio não foi continuado). Nas mulheres com lesões de baixo e alto grau na sua década de 50 anos, manter rastreamento diminuiu a probabilidade do câncer cervical para 5,8 e 7,5 casos por 1000 mulheres, respectivamente.
Wang J, Andrae B, Sundstrom K, et al. Effectiveness of cervical screening after age 60 years according to screening history: Nationwide cohort study in Sweden. PLoS Med 2017;14(10):e1002414. Disponível em: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002414
Outros estudos:
Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero
A política brasileira de rastreamento do câncer de colo uterino indica a coleta do CP a partir dos 25 anos, até os 64. No entanto, na prática, pode-se verificar que há cobertura elevada (muitos exames entre as mulheres em idade fértil), mas com foco baixo (menos exames na faixa etária aqui estudada). Este estudo demonstra que, se mantivermos a energia em manter o foco, ou seja, realizar busca ativa, estimular as mulheres com idade preconizada evitando coletar mais vezes naquelas fora da faixa etária adequada, a probabilidade de redução do número de cânceres poderá ser maior.