Há evidências de qualidade moderada de que o suporte comportamental de enfermagem para motivar e sustentar a cessação do tabagismo pode levar a um aumento modesto no número de pessoas que alcançam abstinência por seis meses ou mais, em comparação a nenhuma intervenção ou a cuidados usuais.
Não há evidências suficientes para avaliar se intervenções mais intensivas, aquelas que incorporam acompanhamento adicional ou feedback fisiopatológico, são mais efetivas do que o aconselhamento breve. Não houve evidência de que o efeito da intervenção fosse diferente de acordo com o grupo de pacientes ou seus contextos de saúde.
A Revisão Sistemática da Cochrane incluiu ensaios clínicos randomizados de intervenções para cessação do tabagismo realizadas por enfermeiros com acompanhamento de pelo menos seis meses, registrados no Cochrane Tobacco Addiction Group Specialized Register e na CINAHL. Cinqüenta e oito estudos preencheram os critérios de inclusão, nove dos quais são novos para essa atualização (2017).
De 44 estudos que incluíram mais de 20.000 participantes, e compararam a intervenção de enfermagem a um controle de nenhuma intervenção ou a cuidados usuais, descobriu-se que esta intervenção aumentou a probabilidade de parar (RR 1,29, IC 95% 1,21 a 1,38). A heterogeneidade estatística foi moderada (I2 = 50%) e não explicável por análise de subgrupos, o que foi responsável pela classificação da qualidade da evidência como moderada pelos revisores. Restringir a análise aos estudos com baixo risco de viés não alterou os resultados.
A intervenção para cessação do tabagismo situa-se no campo das intervenções comportamentais.
No Brasil, a estratégia de abordagem do tabagista é múltipla, definindo intervenções medicamentosas ou comportamentais de acordo com o perfil de adição de cada paciente. O Ministério da Saúde sugere intervenções baseadas na perspectiva do paciente, seguindo a lógica de entrevista motivacional de acordo com os estágios da mudança de comportamento de DiClemente e Proshaska (1983). Assim, as intervenções podem ser breves ou intensivas.
A USPSTF identifica como intervenção breve a estratégia 5-As como uma boa opção para iniciar conversas com pacientes sobre a cessação do tabagismo.: 1. Analise (ask)/ Pergunte sobre o uso do tabaco . 2. Aconselhe a cessar usando mensagens claras e personalizadas. 3. Avalie a disposição de realizar uma tentativa. 4. Ajude na tentativa de cessar. 5. Apóie o acompanhamento e o suporte. (USPSTF, 2015).
A intervenção mais intensiva, no Brasil, inclui a abordagem cognitivo-comportamental em grupos com 4 sessões, seguidas de 2 reforços e farmacoterapia conforme o perfil de adição.
Rice VH,Heath L, Livingstone-Banks J,Hartmann-Boyce J.Nursing interventions for smoking cessation. CochraneDatabase of Systematic Reviews 2017, Issue 12. Art. No.: CD001188. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6486227/
Outros estudos:
Prochaska, J. O., and DiClemente, C. C. Stages and Processes of Self-Change of Smoking: Toward an Integrative Model of Change. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 1983, 51, 390–395. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/1983-26480-001
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: o cuidado da pessoa tabagista / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf
USPSTF. Final Recommendation Statement: Tobacco Smoking Cessation in Adults, Including Pregnant Women: Behavioral and Pharmacotherapy Interventions. U.S. Preventive Services Task Force. September 2017. Current as of: September 2015 Disponível em:
https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/Page/Document/RecommendationStatementFinal/tobacco-use-in-adults-and-pregnant-women-counseling-and-interventions1