Em comparação a pessoas informadas de que sua ressonância era completamente normal, com apenas achados incidentais e relacionados à idade, as pessoas que receberam uma explicação mais factual do laudo evoluíram com piora da dor, da autoeficácia, e da qualidade de vida, tanto mental quanto física.
O ensaio clínico incluiu 44 pessoas com dor lombar crônica, sem sinais de alarme nem sofrimento mental. Nenhuma das ressonâncias nucleares magnéticas tinham alterações graves. Como o ensaio clínico não foi registrado antes de começar, é impossível ter certeza se a análise estatística não foi alterada depois de os dados serem coletados. Os resultados foram apresentados com valores p mas não com intervalos de confiança.
Em seguida, os autores desenvolveram uma forma alternativa de descrever os achados do exame, a qual chamaram de “laudo clínico”. Tanto o laudo usual quanto o “laudo clínico” de 20 ressonâncias para dor lombar foram entregues a cirurgiões de coluna, ortopedistas gerais, residentes de ortopedia e fisioterapeutas. Com a exceção dos cirurgiões de coluna, os profissionais acharam os laudos usuais mais sugestivos de doença grave, bem como se mostraram mais propensos a indicar condutas invasivas e a perceber mais frequentemente que cirurgia seria eventualmente necessária. No caso dos cirurgiões de coluna, tanto os laudos usuais quanto os “laudos clínicos” motivaram avaliações semelhantes àquelas dos demais profissionais mediante “laudos clínicos”.
Rajasekaran S, Dilip Chand Raja S, Pushpa BT, Ananda KB, Ajoy Prasad S, Rishi MK. The catastrophization effects of an MRI report on the patient and surgeon and the benefits of ‘clinical reporting’: results from an RCT and blinded trials. Eur Spine J 2021 Mar 21. Disponivel em: https://doi.org/10.1007/s00586-021-06809-0
Médicos na atenção primária à saúde lidam frequentemente com exames solicitados por colegas de outros serviços. Às vezes isso acontece apenas como um meio de coordenar os cuidados; às vezes, é para cobrir a falta de acesso à consulta de retorno ou para dar uma segunda opinião. Como não têm a experiência de um radiologista ou cirurgião de coluna, médicos da atenção primária frequentemente dependem do laudo para interpretar ressonâncias magnéticas de coluna lombar. Enquanto os “laudos clínicos” forem apenas uma proposta, médicos da atenção primária devem ficar atentos para não valorizar excessivamente os extensivos achados degenerativos que os laudos costumam detalhar, bem como devem escolher cuidadosamente a forma como discutem com as pessoas o resultado de seus exames.