Existe evidência de moderada certeza de que a probabilidade de melhoria clinicamente relevante seja maior com exercício físico (razão de risco [RR] 1,71; intervalo de confiança [IC] de 95% 1,37 a 2,15; número necessário para tratar [NNT], 7), anti-inflamatórios orais não esteroides (RR 1,44; IC 95% 1,17 a 1,78; NNT 6) ou duloxetina (RR 1,25,; IC 95% 1,13 a 1,38; NNT 10). Além disso, exercício físico continuou sendo eficaz pelo menos até 48 meses depois da interrupção (RR 1,58, IC 95% 1,32 a 1,89; NNT 6).
Esta revisão sistemática foi restrita a artigos de língua inglesa, incluindo pessoas com lombalgia crônica (3 ou mais meses de duração), e relatando a proporção de participantes com uma melhoria clinicamente relevante, definida como uma diminuição de 30% ou mais na dor. Possivelmente teria sido possível incluir mais ensaios clínicos se fosse realizada uma meta-análise de participantes individuais. Outra revisão sistemática incluiu mais formas de dor lombar, e utilizou outra medida de relevância clínica, de forma que conseguiu incluir mais ensaios clínicos com antidepressivos (Ver “Antidepressivos são úteis para dor lombar ou por osteoartrose?”) . Apesar de esta revisão sistemática incluir múltiplas intervenções, não foi realizada meta-análise em rede, e todas as comparações foram com placebo ou alguma outra forma de não intervenção.
A evidência sobre a probabilidade de melhoria clínica é de baixa ou muito baixa certeza para manipulação vertebral, capsaicina, acupuntura, opioides e injeções de corticoide. Só foi encontrado um ensaio clínico pequeno avaliando a eficácia de anticonvulsivantes (gabapentina; p = 0.6) e outro para anti-inflamatórios não esteroides tópicos (flurbiprofeno; p= 0.3). Não foram encontrados ensaios clínicos com essa análise para paracetamol, canabinoides, relaxantes musculares, inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou antidepressivos tricíclicos.
Para algumas intervenções, como exercícios físicos e anti-inflamatórios não esteroides, a probabilidade de abandono do tratamento devido a efeitos adversos foi semelhante à do controle. A probabilidade de abandono foi maior com o uso de opioides (RR 4,41; IC 95% 3,30 a 5,91; número necessário para causar dano [NNH] 5) ou duloxetina (RR 2,01; IC 1,06 a 3,87; NNH 11), e incerta para acupuntura (RR 3,00; NNH 0,13 a 71,51). Essa medida de segurança da intervenção não foi relatada para as outras intervenções.
Outro POEM/ERP.
Kolber MR, Ton J, Thomas B, et al. PEER systematic review of randomized controlled trials: Management of chronic low back pain in primary care. Can Fam Physician 2021;67(1):e20-e30. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7822613/
A lombalgia crônica é um problema frequente que traz prejuízo à capacidade funcional, de forma é que é importante que existam intervenções eficazes e seguras. Na atenção primária do Sistema Único de Saúde, a prática de exercícios físicos é geralmente orientada por professores de educação física dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Quando fisioterapeutas não fazem parte de NASF, são acionados principalmente para as fases iniciais do tratamento, e referenciados de volta para a comunidade na fase que indica o exercício físico. Em sua maioria, as Academias Populares se prestam mais a atividade física de baixa intensidade, sem supervisão, e não para exercício físico.