Em pacientes de alto risco com doença vascular, o Evolocumab reduz discretamente o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) não fatal, mas não a mortalidade (FOURIER)

| 01 out 2021 | ID: poems-44092

Área Temática:

Questão Clinica:

O Evolocumab, um inibidor da PCSK9, reduz a probabilidade de eventos cardiovasculares em pacientes com doença cardiovascular que já estão tomando estatina?
Resposta Baseada em Evidência:

Em pessoas com alto risco cardiovascular que já estejam em uso da Sinvastatina, o uso adicional de Evolocumab por pouco mais de 2 anos, vai prevenir 1 IAM adicional para cada 83 tratadas, e vai prevenir 1 Acidente Vascular Encefálico (AVE) para cada 250 tratadas. Este tratamento não se considera custo-efetivo.

Alertas:

Contexto:

Os PCSK9 (inibidores da pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9) são conhecidos por reduzirem a lipoproteína de baixa densidade (LDL) em até 60%, com redução de 22% no risco cardiovascular2. Este trial envolveu 27.564 pessoas com doença vascular (IAM, AVE ou doença arterial periférica) e, pelo menos, um fator de risco adicional (diabete melitus, tabagismo, idade maior que 64 anos), ou 2 fatores menores (HDL menor que 40 mg/dL, Proteína C-reativa ultrassensível > 2,0mg/L, LDL ≥ 130 mg/dL). Além disso, deveriam estar em uso de Estatinas e apresentarem LDL ≥ 70 mg dL. Os grupos (tratamento com Evolocumab e o controle placebo) foram equilibrados no início do estudo e a análise foi por intensão de tratar. A droga reduziu LDL numa mediana de 30mg/dL em um mês e, após um acompanhamento de 2 anos, o desfecho composto por morte por doença cardiovascular, IAM, AVE, hospitalização por angina instável ou revascularização, ocorreu menos no grupo tratamento (9,8% vs 11,3%, p<0,001; NNT=67 em 26 meses para evitar 1 evento). No entanto, é importante se avaliar desfechos individuais. Não houve diferença na probabilidade de morte por doença cardiovascular (1,8% pelo tratamento e 1,7% no placebo), ou por todas as causas (3,2% vs 3,1%). A maior parte do benefício veio pela menor quantidade de IAM não fatais (3,4% vs 4,6%; p<0,001; NNT 83 em 26 meses) e um pequeno decréscimo nos AVE não fatais (1,5% vs 1,9%; p=0,01; NNT= 250 em 26 meses). Não houve diferença nos afeitos adversos. Aos custos da droga nos Estados Unidos, o tratamento sairá em, aproximadamente, US$ 2,5 milhões por IAM não fatal prevenido.

Referencia

Sabatine MS, Giugliano RP, Keech AC, et al. Evolocumab and clinical outcomes in patients with cardiovascular disease. N Engl J Med 2017;376(18):1713-1722. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1615664

Outros estudos:

Ferrari, F., Stein, R., Motta, M. T., & Moriguchi, E. H. (2019). PCSK9 inhibitors: Clinical relevance, molecular mechanisms, and safety in clinical practice. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 112(4), 453–460. https://doi.org/10.5935/abc.20190029. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/CnT3TVf3jB8sbTQcW43PKKb/?lang=pt

 

Comentários:

O artigo original, publicado pelo New England, não descreve os resultados desfavoráveis no formato do número necessário para tratar. Além disso é um estudo patrocinado pela indústria produtora do medicamento, com alto risco de conflito de interesses. Levando em conta que os custos de tal medicação (em valores atuais R$ 3.000,00 ao mês no Brasil), juntando os resultados deste estudo, tal medicação torna-se de baixo custo-efetividade.

Data de acesso:

Endereço:

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1615664

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, dezembro 2019