De acordo com a Associação Americana de Gastroenterologia, quando os probióticos devem ser usados para tratar problemas gastrointestinais?

| 30 mar 2022 | ID: poems-44877

Área Temática:

Questão Clinica:

De acordo com a Associação Americana de Gastroenterologia, quando os probióticos devem ser usados para tratar problemas gastrointestinais?
Resposta Baseada em Evidência:

Com base em uma revisão completa da literatura e uma relutância (ao contrário de outros grupos) em fazer recomendações quando não há evidências disponíveis, o grupo apresenta uma recomendação condicional para o uso de probióticos apenas na prevenção de enterocolite necrosante em bebês prematuros e no tratamento de adultos e crianças com bolsite.

(Nível de Evidência = 5)

Alertas:

Contexto:

Esta é uma diretriz clínica desenvolvida pela Associação Americana de Gastroenterolgia, com base em uma revisão sistemática da literatura disponível. Os elaboradores da diretriz concentraram-se em saber se os probióticos melhoravam os resultados com os quais os pacientes se preocupam, entre eles profilaxia de diarreias agudas e crônicas causadas por antibióticos, doença inflamatória intestinal, etc. A pesquisa disponível foi avaliada quanto à qualidade e as diretrizes foram determinadas pela força das evidências e deveriam ser rotuladas como fortes (recomendado para a maioria dos pacientes) ou condicionais (os benefícios e riscos devem ser discutidos com os pacientes).

O grupo não encontrou recomendações fortes. As recomendações são apropriadamente conservadoras, seja pela falta de estudos, seja pela baixa qualidade das pesquisas disponíveis. O grupo deu recomendações condicionais para o uso de probióticos combinados (2 ou mais espécies) para bebês prematuros com baixo peso ao nascer para prevenir enterocolite necrosante. Eles sugerem o uso de uma combinação de 8 cepas para adultos e crianças com bolsite (atividade inflamatória em mucosa de reservatório ileal – ileíte do reservatório), embora essa recomendação seja baseada em evidências de qualidade muito baixa. Eles sugerem probióticos para prevenir, mas não tratar, o crescimento excessivo de Clostridioides difficile para pessoas que recebem tratamento com antibióticos.

O grupo desaconselha o uso de probióticos em crianças com gastroenterite infecciosa. Citando a falta de evidências, eles não fazem recomendações quanto ao uso de probióticos para pacientes com infecção por C. difficile, Doença de Crohn, colite ulcerosa ou doença do intestino irritável. O presidente do grupo de trabalho e a maioria dos membros do grupo não declararam conflitos de interesse.

Referencia

Su GL, Ko CW, Bercik P, et al. AGA clinical practice guidelines on the role of probiotics in the management ofgastrointestinal disorders. Gastroenterology 2020;159(2):697-705. Preidis GA, Weizman AV, Kashyap PC, Morgan RL.AGA Technical review):708-738. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0016-5085(20)34729-6

Comentários:

Apesar do uso indiscriminado de probióticos nos quadros de gastroenterite, revisão por pares para as Diretrizes da Associação Americana de Gastroenterolgia evidenciou a sua baixa eficácia na maioria das condições, tendo algum benefício em duas situações bastante específicas. A necessidade de estudo melhor delineados é algo essencial na recomendação de novas terapias, pois fora isso, mantem-se recomendações empíricas e baseadas nas experiências individuais dos prescritores.

Data de acesso:

Endereço:

https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0016-5085(20)34729-6

Número, Data e Autoria:

Marcelo Rodrigues Gonçalves, dezembro 2021