Uma em cada 14 crianças com otite média supurativa com perda auditiva documentada e sintomas atribuíveis ao menos por três meses terá melhora da audição, mas não da qualidade de vida, com corticoide oral.
Assim, a prednisona/ prednisolona oral por curto período aparentemente não trará benefícios será eficaz para a maioria das crianças de 2-8 anos com otite média persistente com efusão, ainda que bem tolerada.
A decisão de realizar Watchfull waiting (espera vigilante) ou Demora permitida/ programada seriam justificáveis a partir desta evidência, embora não tenham sido avaliadas outras questões referentes à melhora da audição como, por exemplo, impacto no desempenho escolar.
Foi realizado um estudo randomizado duplo-cego, controlado por placebo. No seguimento de um ano, respectivamente 170 (perda amostral de 12%) e 162 (perda amostral de 13,4%) crianças terminaram o Follow-up.
Apenas uma criança teve um evento adverso relacionado ao tratamento.
De 1.018 crianças selecionadas, apenas 390 foram randomizadas e divididas em 193 no grupo da intervenção com corticoide oral e 187, após critérios de inelegibilidade ou por retirada de consentimento.
A audição em cinco semanas foi avaliada em 183 crianças no grupo intervenção e 180 no grupo controle, sendo considerada “aceitável” em 73 (40%) e 59 (33%) respectivamente (diferença absoluta de 7% [IC 95% -3 a 17], NNT = 14 para melhora da audição).
Crianças com perda auditiva persistente devido a otite média com efusão (supurativa) são comumente gerenciadas com intervenção cirúrgica local.
Ensaios de fraca qualidade e de baixo poder estatístico encontraram benefícios dos corticoides orais a curto prazo, para otite média de curta duração.
Uma revisão Cochrane prévia quanto a uso de corticóides orais ou tópicos para otite média supurativa encontrou benefício significativo com esteroides orais mais antibióticos versus somente antibióticos, e uma estimativa pontual significativa sugerindo benefício para esteroides orais versus controle. Os estudos eram geralmente pequenos, de baixa qualidade e de curto prazo.
Francis NA, Waldron CA, Cannings-John R, Thomas-Jones E, Winfield T, Shepherd V, Harris D, Hood K, Fitzsimmons D, Roberts A, Powell CV, Gal M, Jones S, Butler CC. Oral steroids for hearing loss associated with otitis media with effusion in children aged 2-8 years: the OSTRICH RCT. Health Technol Assess. 2018 Nov;22(61):1-114. doi: 10.3310/hta22610. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/central/doi/10.1002/central/CN-01630080/related-content
Francis NA, Cannings-John R, Waldron C-A et al. Oral steroids for resolution of otitis media with effusion in children (OSTRICH): a double-blinded, placebo-controlled randomised trial. Lancet. 2018; 392: 557-568. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140-6736(18)31490-9
Outros estudos:
Pichichero ME. Helping children with hearing loss from otitis media with effusion. Lancet. 2018 Aug 18;392(10147):533-534. doi: 10.1016/S0140-6736(18)31862-2. Epub 2018 Aug 16. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(18)31862-2/fulltext
Simpson S, Lewis R, van der Voort J, Butler C. Oral or topical nasal steroids for hearing loss associated with otitis media with effusion in children. Cochrane Database Syst Rev 2011; 5: CD001935. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD001935.pub3/full
Neste ensaio clínico randomizado, paralelo, duplo-cego, controlado por placebo, recrutaram crianças de 2 a 8 anos com sintomas atribuíveis à otite média com efusão por pelo menos três meses e com perda auditiva bilateral confirmada.
Os participantes foram recrutados em 20 departamentos ambulatoriais de audiologia, otorrinolaringologia, audiologia pediátrica e medicina vestibular, na Inglaterra e no País de Gales.
Os participantes foram alocados aleatoriamente (1: 1) para números idênticos sequenciais de prednisolona (Corticóide oral) ou embalagens de placebo pelo uso de blocos de permuta aleatória gerados por computador, estratificados por local e idade da criança. O desfecho primário foi melhora da audição audiência audível confirmada por audiometria às 5 semanas. Todas as análises foram por intenção de tratar.
Os pesquisadores reavaliaram a audição após o término do tratamento em 4 semanas, 6 meses e um ano. Embora mais de um terço das crianças tenham apresentado melhora significativa na audição, no final de cada intervalo de acompanhamento, os pesquisadores não encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de tratamento. Também não houve diferença quanto ao número delas em uso de tubos de timpanostomia.