As drogas anti-hipertensivas usadas para tratar predominantemente adultos saudáveis entre 18 e 59 anos com hipertensão arterial essencial de leve a moderada mostraram uma redução absoluta pequena na mortalidade e morbidade cardiovascular, primariamente pela redução na morbi-mortalidade cerebrovascular. A mortalidade por todas as causas e as doenças coronarianas não foram reduzidas.
Os efeitos do tratamento na pressão arterial variaram entre os estudos e houve incerteza quanto ao tamanho da diferença que proporcionou em média, já que a heterogeneidade entre os estudos foi significativa (para TA Sistólica média da redução de 14,98mmHg, IC95% -20,44 a -9,52mmHg e para TA Diastólica redução média de 7,62, IC95% -10,55 a -4,69mmHg).
As revisões sistemáticas vinham demonstrando benefício da terapia medicamentosa anti-hipertensiva na redução da morbi-mortalidade cardiovascular, mas a maioria das evidências vem de pessoas com 60 anos ou mais. Esta Revisão Sistemática encontrou 7 estudos, com 17.327 participantes. Baseado em 5 estudos, o tratamento medicamentoso apresenta efeito estatisticamente não-significativo na mortalidade por todas as causas comparado ao placebo ou nenhum tratamento (2,4% vs 2,3% – RR de 0,94, IC95% 0,77 a 1,13 – Qualidade da evidência baixa), mas reduziu o número de pessoas com doença cardíaca ou morte por esta causa em 0,9% (qualidade da evidência baixa). Demonstrou também redução nos Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE) de 1,3% para 0,6% (Baixa qualidade de evidência). Os efeitos do tratamento nas pessoas que tiveram doença arterial (IAM fatal e não fatal, além de morte súbita) foram estatisticamente não-significativos (RR 0,99 IC95% 0,82 a 1,19 – Qualidade da evidência baixa).
Musini VM et al. Pharmacotherapy for hypertension in adults aged 18 to 59 years. Cochrane Reviews, 2017, Issue 8. Art. No.: CD008276.DOI: 10.1002/14651858. CD008276.pub2. Disponível em: http://cochranelibrary-wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD008276.pub2/full
Ainda há incertezas quanto aos reais efeitos do tratamento medicamentoso na HAS. Sendo esta uma patologia prevalente e grande motivo de atendimentos na APS, é imprescindível obter mais informações, especificáveis para cada caso, e individualizar a indicação. Os ensaios clínicos futuros com esta faixa etária deverão acompanhar por no mínimo 10 anos e comparar diferentes drogas de primeira linha e estratégias.