O uso regular da sauna (banho de sauna) apresenta associação inversa com o risco de doenças cardiovasculares. A diminuição do risco cardiovascular é diretamente proporcional ao tempo e a frequência das sessões.
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte em nível mundial, possuindo elevada morbidade e importante redução da qualidade de vida, o que acarreta em elevação dos custos para o sistema de saúde e previdenciário.
A sauna requer um dispêndio de energia e água não avaliados em seus custos para a sociedade. Foram analisados dados obtidos de uma coorte prospectiva de base populacional na Finlândia, com o objetivo de investigar o efeito dos banhos de sauna no desenvolvimento das DCV. Todos os pacientes foram acompanhados, em média, por 15 anos. A sauna finlandesa tradicionalmente atinge temperaturas de 80 a 100º C. As saunas apresentam uma umidade relativa baixa (10-20%), que se consegue elevar, de forma temporária, através da vaporização da água quando entra em contato com as pedras quentes do aquecedor. O estudo contou com uma amostra de 1688 sujeitos. 51,4% eram do sexo feminino. A idade dos participantes variou entre 53 e 74 anos. Foi utilizado um questionário autoaplicável para verificação dos fatores de riscos tradicionais para DCV, além de registrar a frequência e a duração dos banhos de sauna. A partir da revisão dos prontuários e das declarações de óbito, foram verificados os desfechos, incluindo mortes por DCV. Após o controle dos confundidores, as taxas de mortalidade por DCV foram significativamente menores em três grupos de frequência: 1 vez, 2 a 3 vezes e 4 a 7 vezes por semana (10.1, 7.6 e 2.7 mortes por DVC em 1000 pessoas, respectivamente). Da mesma forma, a mortalidade por DCV diminuiu de forma linear com o aumento das sessões de sauna de 1 a 7 vezes por semana e com o aumento do tempo de uso da sauna (minutos/semana).
Laukkanen T, Kunutsor SK, Khan H, Willeit P, Zaccardi F, Laukkanen JA. Sauna bathing is associated with reduced cardiovascular mortality and improves risk prediction in men and women: A prospective cohort study. BMC Medicine 2018;16(1):219-233. Disponível em: https://bmcmedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12916-018-1198-0
Outros estudos:
Organização Pan-Americana de Saúde, Organização Mundial da Saúde. Doenças cardiovasculares. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5253:doencas-cardiovasculares&Itemid=839
Freire AKS, Alves NCC, Santiago EJP, Tavares AS, Teixeira DS, Carvalho IA, Melo MCP, Negro-Dellacqua M. Panorama no Brasil das Doenças Cardiovasculares dos últimos quatorze anos na perspectiva da promoção de saúde. Revista Saúde e Desenvolvimento. 2017;11(9):21-44. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/776
Cervato AM, Mazzilli RN, Martins IS, Marucci FN. Dieta habitual e fatores de risco para doenças cardiovasculares. Rev. Saúde Pública. 1997;31(3):227-230. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/3q9wztLqwrZP3CR3xL3Ndbd/?lang=pt
Os banhos de sauna regulares se demonstraram uma ferramenta na redução da mortalidade por DVC, mas para isso se requer elevadas temperaturas. Para o SUS, possivelmente não seria uma ferramenta atualmente viável, em função de gastos energéticos e da necessidade estruturas específicas.