BVS Atenção Primária em Saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Antibióticos têm pouco efeito no tratamento da sinusite aguda
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11 dez 2014 |
ID: poems-70
Área Temática:
Questão Clinica:
Quão efetivos são os antibióticos no tratamento da sinusite aguda?
Resposta Baseada em Evidência:
Na atenção primária, os antibióticos tem pequeno efeito no tratamento de pacientes com sinusite aguda não-complicada com sintomas por mais de 7 dias (melhora média de 90% nos grupos tratados com antibótico e de 80% nos grupos controle; NNT*=10). A revisão inclui estudos de tratamento de sinusite aguda diagnosticada clinicamente, confirmada ou não por radiografia ou cultura bacteriana. As terapias medicamentosas revisadas foram antibióticos versus controles ou comparações entre diferentes classes de antibióticos. Nenhuma das apresentações de antibióticos (amoxicilina, amoxicilina-clavulanato, azitromicina, cefalosporinas, faropenem, fluoroquinolonas, macrolideos, oximetazolina, estreptogramina e tetraciclinas) foi superior que qualquer outra.
*NNT = número necessário para tratar para beneficiar um indivíduo.
Alertas:
Oitenta por cento dos participantes tratados sem antibióticos melhoraram dentro de duas semanas
Os médicos de família e comunidade devem pesar o pequeno benefício do tratamento com antibióticos com o potencial ara efeits adversos, tanto no nível individual (diarréia, dor abdominal, vômitos e rashs cutâneos), quanto no nível populacional (resistência aos antibióticos).
Contexto:
A sinusite corresponde a 15-21% de todas as prescriões de antibióticos para adultos no nível ambulatoral. Opções de tratamento incluem antibióticos, descongestionantes, corticóide oral ou inalatório, mucolíticos, anti-histamínicos ou punção dos seios da face com lavagem.
Referencia
Ahovuo-Saloranta A et al. Antibiotics for acute maxillary sinusitis. Cochrane Reviews 2008, Issue 2. Article No. CD000243. DOI: 10.1002/14651858. CD000243. pub2. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD000243
Nota: Esta revisão inclui 57 estudos, envolvendo 18.962 participantes.
Este estudo reforça a importância de:
1) Avaliar o uso indiscriminado de antibióticos para condições auto-limitadas.
2) Discutir a possibilidade de disponibilização pelo SUS de medicações para tratamento alternativo às sinusites
Tradução e comentários da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, julho 2010.