BVS Atenção Primária em Saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Antibióticos de uso limitado para a maioria das pessoas com faringite
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10 dez 2014 |
ID: poems-77
Área Temática:
Questão Clinica:
Devo prescrever antibiótico para pacientes com dor de garganta?
Resposta Baseada em Evidência:
Os antibióticos conferem benefícios relativos no tratamento de faringites mas seus benefícios absolutos são modestos. Comparados com placebo os antibióticos reduzem infecções bacterianas, como por exemplo otite média aguda e sinusite aguda. O uso de antibiótico reduz a febre e a dor na garganta pela metade. NNT* médio=5 para prevenir uma infecção de garganta no dia 3 e um NNT médio=23 para evitar uma dor de garganta no sétimo dia. Antibióticos reduzem a duração dos sintomas por cerca de 16 horas.
*NNT= número necessário para tratar para beneficiar um indivíduo
Alertas:
Os antibióticos podem causar efeitos adversos como diarréia e rash e comunidades criam resistência a eles.
Contexto:
A faringite é uma infecção causada por bactérias ou vírus, que afeta principalmente crianças e adultos jovens. Prevenir os indivíduos com faringite contra complicações supurativas ou não supurativas na moderna sociedade ocidental só pode ser alcançada através do tratamento em várias pessoas com antibióticos, onde a maioria não terá benefício. Em economias emergentes ( por exemplo, onde taxas de febre reumática aguda são altas) o número necessário para tratar pode ser bem menor para os antibióticos serem considerados efetivos.
Referencia
Del Mar CB et al. Antibiotics for sore throat. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 4. Article No. CD000023. DOI: 10.1002/14651858.CD000023.pub3. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD000023
Nota: Esta revisão contém 27 estudos com 2835 participantes.
Este estudo reforça a importância de:
1) Avaliar o uso indiscriminado de antibióticos para condições auto-limitadas.
2) Prevenir os malefícios advindos deste uso indiscriminado, tanto em nível individual, quanto em nível comunitário.
Tradução e comentários da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, julho 2010.