A suplementação de vitamina D não previne eventos cardiovasculares ou câncer em adultos (homens com 50 anos ou mais, mulheres com 55 anos ou mais).
Este foi um estudo com pacientes randomizados para receber vitamina D 2000 UI ou placebo e para receber ácidos graxos n-3 marinhos (também conhecidos como ácidos graxos ômega-3) ou placebo. Os pesquisadores recrutaram um total de 25.871 homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais que não tinham histórico de doença cardiovascular ou câncer, iniciando o estudo com um período de 3 meses de placebo a fim de excluir os participantes que potencialmente não iriam aderir, sendo estes aproximadamente um terço daqueles inicialmente recrutados. Isso poderia superestimar o benefício potencial visto na prática clínica. Dos participantes, 12% tinham um nível de vitamina D menor que 20 ng / mL (50 nmol / L) e 45% tinham um nível menor que 30 ng / mL (75 nmol / L). No final do acompanhamento médio de 5,3 anos, não houve diferença em nenhum dos objetivos do estudo, como eventos cardiovasculares (Risco Relativo [RR]=0,97, Intervalo de Confiança [IC] 95% [0,85 a 1,12]; p-valor=0.69), mortes cardiovasculares (RR 1,11 IC 0,88–1,40); incidência de câncer,(RR=0,96; IC 95% entre 0,88 e 1,06; p-valor=0.47), mortes por câncer (RR 0,83 IC=0,67–1,02) ou mortalidade por todas as causas (RR 0.99 IC =0,87–1,12). Houve uma pequena redução nas mortes por câncer (112 vs 149; RR 0,75; IC95% 0,59 – 0,96), mas isso só foi observado na análise post hoc que excluiu eventos nos primeiros 2 anos com a lógica de que qualquer efeito demoraria um tempo para acontecer. Os resultados foram semelhantes para o subgrupo de pacientes com níveis mais baixos de vitamina D no início do estudo.
Manson JE, Cook NR, Lee IM, et al. Vitamin D supplements and prevention of cardiovascular disease and cancer. N Engl J Med 2019;380(1):33-44. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1809944?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
Este estudo é o primeiro estudo americano sobre suplementação de vitamina D para prevenção primária. Dado o grande número de comparações feitas (19 em uma tabela apenas), o único resultado positivo (redução da mortalidade por câncer não se considerando os dois primeiros anos) poderia facilmente ter ocorrido por acaso.