A Gabapentina é um tratamento efetivo contra vulvodínia?

| 01 out 2021 | ID: poems-44125

Área Temática:

Questão Clinica:

A Gabapentina é um tratamento efetivo contra vulvodínia?
Resposta Baseada em Evidência:

Entre as mulheres com histórico de dor vulvar na penetração de pelo menos 3 meses, a Gabapentina melhorou as pontuações do Índice de Função Sexual Feminina (FSFI) na conclusão de 6 semanas de tratamento em comparação com as pontuações basais. Dos 6 domínios do índice, aqueles com alterações estatisticamente significativas no escore médio foram desejo sexual, excitação e satisfação (mas não orgasmo, lubrificação ou dor). Na análise de subgrupos de mulheres com dor apenas no contato, o benefício foi observado principalmente em mulheres com maior pontuação inicial na gravidade da dor nos músculos pélvicos.

Alertas:

Contexto:

A vulvodínia é uma condição de dor crônica que afeta a função sexual feminina em todos os domínios, medida pela FSFI (faixa = 2 a 36, ​​onde escores mais altos significam melhor qualidade de vida). O subconjunto de vulvodínia mais bem caracterizado e mais comum é a vulvodínia provocada (VP) localizada no vestíbulo (imediatamente anterior ao anel himenal). A VP ocorre apenas no contato, como na colocação de um tampão ou na relação sexual. Os autores realizaram um ensaio clínico randomizado cruzado (cross-over) controlado de Gabapentina versus placebo entre mulheres (N = 89) com histórico de vulvodínia e VP, conforme medido pela aplicação de força digital padronizada. A dor foi mensurada usando uma escala numérica de 11 pontos – 0 (nenhum) a 10 (pior) – na linha de base e na conclusão de cada fase do tratamento. As mulheres foram alocadas para receber Gabapentina e placebo em duas fases de 6 semanas, com sequenciamento randomizado. A análise foi por intenção de tratar, com 66 mulheres completando o tratamento. O tratamento foi titulado para a dose máxima tolerada durante as primeiras 4 semanas de cada fase até um máximo de 3600 mg de Gabapentina (média de 2476 ± 866 mg). A pontuação da FSFI na conclusão da fase de Gabapentina versus a fase placebo do estudo foi 1,3 pontos melhor (IC95% 0,4-2,2; P = 0,008). Houve melhorias significativas em três domínios individuais da FSFI (desejo sexual, excitação e satisfação), mas não nos outros três (orgasmo, lubrificação ou dor). A dor com a avaliação padronizada da força digital na conclusão da fase de tratamento ativo foi estatisticamente melhorada após a fase placebo entre as mulheres com uma avaliação inicial da VP de pelo menos 5 (diferença média de 1,6; 0,3 – 2,8), mas não entre as mulheres com escores de 4 ou menos. Os efeitos colaterais (não graves) da Gabapentina foram mais frequentes do que com o placebo, embora nenhum tenha atingido significância estatística. Os escores finais da FSFI não se aproximaram dos escores de pacientes controles saudáveis ​​não tratados.

Referencia

Bachmann GA, Brown CS, Phillips NA, et al, for the Gabapentin Study Group. Effect of gabapentin on sexual function in vulvodynia: a randomized, placebo-controlled trial. Am J Obstet Gynecol 2019; 220: 89e1-89e8. Disponível em: https://www.ajog.org/article/S0002-9378(18)30905-0/fulltext

Comentários:

Embora estatisticamente significativo, o significado clínico é mínimo, sendo a opção pelo tratamento um assunto a ser discutido individualmente.

Data de acesso:

Endereço:

https://www.ajog.org/article/S0002-9378(18)30905-0/fulltext

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, abril 2020