A exposição a opioides no início da gravidez está associada a malformações congênitas importantes?

| 02 dez 2021 | ID: poems-44468

Área Temática:

Questão Clinica:

A exposição a opioides no início da gravidez está associada a malformações congênitas importantes?
Resposta Baseada em Evidência:

O uso de opioides durante o primeiro trimestre da gravidez não aumenta substancialmente o risco geral de defeitos congênitos, embora esteja associado a um pequeno aumento na fenda palatina. Essa diferença deve ser equilibrada, é claro, com os efeitos de não tratar a dor ou de tratar a dor com outras opções. (Nível de evidência = 2b)

Alertas:

Contexto:

Este estudo usou informações de 2 bancos de dados dos Estados Unidos para rastrear prescrições e solicitações de mães e bebês de 82.901 gestantes que tiveram 2 ou mais prescrições durante o primeiro trimestre da gravidez. Os autores controlaram a exposição a teratógenos conhecidos e incluíram apenas mulheres que receberam suplemento de ácido fólico durante a gravidez. Após o ajuste para fatores de confusão, o risco geral de malformação aumentou ligeiramente com a exposição a um opioide (risco relativo [RR] 1,06; Intervalo de Confiança [IC] 95% 1,02-1,10). Das malformações específicas, o maior aumento, ainda relativamente pequeno, foi no desenvolvimento de fenda palatina (RR 1,62; IC95% 1,23 – 2,14). Essas taxas, é claro, são para gestações que resultaram em nascidos vivos; em outras palavras, este estudo não conseguiu identificar malformações tão devastadoras que causassem a morte fetal.

Referencia

Bateman BT, Hernandez-Diaz S, Straub L, et al. Association of first trimester prescription opioid use with congenital malformations in the offspring: population-based cohort study. BMJ 2021;372:n102. Disponível em: https://www.bmj.com/content/372/bmj.n102

Comentários:

O uso de opioides é uma crescente no Brasil e seu uso em gestantes é muito limitado. O estudo pareceu demonstrar uma certa segurança da prática, o que foi colocado no resumo, entendendo que uma variação entre 2 e 10% no aumento do risco de malformações não era considerado “substancial” e que pesar riscos e benefícios era a recomendação principal. Ao mesmo tempo, não mostraram nos resultados qual a diferença relativa de risco de malformação da fenda palatina entre os grupos, citando apenas que foi um “pequeno aumento” no risco, apesar do risco relativo final variar entre 1,23 e 2,14. Apesar dos autores considerarem a fenda palatina uma malformação leve, acreditamos que a busca por opções mais seguras deve ser sempre estimulada.

Data de acesso:

Endereço:

https://www.bmj.com/content/372/bmj.n102

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, agosto 2021