Entre as mulheres com risco aumentado de pré-eclâmpsia, o tratamento com aspirina entre 11 e 14 semanas de gestação diminui o risco de pré-eclâmpsia em pré-termos. Não houve aumento de eventos adversos entre neonatos ou mães. A dose da aspirina usada neste estudo foi 150 mg por dia, o que não é típico nos Estados Unidos
Neste estudo multicêntrico randomizado duplo-cego controlado por placebo, os pesquisadores procuraram demonstrar o efeito da aspirina 150 mg por dia em comparação com o placebo na incidência de pré-eclâmpsia em pré-termo entre mulheres com risco aumentado. Os autores inscreveram 1.620 mulheres entre 11 e 14 semanas de gestação usando um algoritmo de triagem previamente validado que incluía pressão arterial média materna, índice de pulsatilidade da artéria uterina, proteína plasmática A e fator de crescimento placentário. Mulheres com pelo menos 18 anos com um feto único vivo e um risco calculado de pré-eclâmpsia antes das 37 semanas de gestação de mais de 1% eram elegíveis. Os critérios de exclusão incluíram doença materna grave, dificuldades de aprendizagem ou doença mental grave, anomalia fetal importante, contraindicação ao uso de aspirina ou tratamento com aspirina nas 4 semanas anteriores ao estudo. O tratamento foi mantido durante a gestação de 36 semanas ou até o início do trabalho de parto, o que ocorresse primeiro e a análise foi por intensão de tratar. O principal desfecho (pré-eclâmpsia antes de 37 semanas de gestação) ocorreu em 13 de 798 mulheres (1,6%) no grupo de aspirina e 35 de 822 (4,3%) no grupo de placebo (odds ratio ajustada = 0,38; IC 95% 0,20 a 0,74; número necessário para tratar [NNT] = 38; 23 – 101). Não houve diferenças nos eventos adversos maternos ou neonatais, embora o estudo não tivesse poder suficiente para avaliar.
Rolnik DL, Wright D, Poon LC, et al. Aspirin versus placebo in pregnancies at high risk for preterm preeclampsia. N Engl J Med 2017;377(7):613-622. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1704559?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200www.ncbi.nlm.nih.gov
Sendo a aspirina uma medicação amplamente disponível na rede pública de medicamentos e a pré-eclâmpsia uma condição grave e com possíveis consequências sérias para ambos neonato e mãe, a oferta dessa medicação iniciando entre 11 e 14 semanas de gravidez traz benefícios potencialmente com alta relação custo-benefício e claramente factível para atenção primária em saúde no Sistema Único de Saúde.