Um programa de tratamento de oito semanas com acupuntura tradicional foi superior à acupuntura simulada na redução da dor e melhoria da qualidade de vida em homens com síndrome da dor crônica pélvica / prostatite crônica.
Este é um ensaio controlado randomizado, mas pelas características do estudo, foi simples-cego, com número limitado de pacientes, desenvolvido em apenas 2 centros. Por ser realizado no âmbito de especialidades e em dois centros hospitalares, seu resultado tem aplicabilidade limitada para outros âmbitos.
Sintomas prostáticos afetam de 9% a 16% de homens abaixo de 50 anos. A prostatite crônica representa a maioria absoluta dos casos de prostatite, com tratamento difícil. Este inclui bloqueadores-alfa, terapia antimicrobiana e antiinflamatórios não-esteroidais, com desfechos moderados, e vários efeitos colaterais (Sahin et al, 2015). Em revisão sistemática, Qin et al (2016) apontaram que a acupuntura seria eficaz e segura para prostatite crônica, aliviando sintomas, reduzindo sintomas urinários com mínimo ou nenhum efeito colateral. No entanto, ainda há dúvidas quanto às evidências de um efeito duradouro da acupuntura para prostatite e dor pélvica crônicas, sendo este o objetivo deste estudo.
Qin Z, Zang Z, Zhou K, et al. Acupuncture for chronic prostatitis/chronic pelvic pain syndrome: A randomized, sham acupuncture controlled trial. J Urol 2018;200(4):815-822. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29733836/
Outros estudos:
Qin Z, Wu J, Zhou J et al: Systematic review of acupuncture for chronic prostatitis/chronic pelvic pain syndrome. Medicine (Baltimore) 2016; 95: e3095. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4839929/
Sahin S, Bicer M, Eren GA et al: Acupuncture relieves symptoms in chronic prostatitis/chronic pelvic pain syndrome: a randomized, sham controlled trial. Prostate Cancer Prostatic Dis 2015; 18: 249. Disponível em: https://www.nature.com/articles/pcan201513
Com o objetivo de avaliar a efetividade e segurança da acupuntura em homens com prostatite crônica / dor pélvica crônica, foram aleatorizados (alocação oculta) para acupuntura ou acupuntura simulada 68 homens com idade entre 18 anos e 50 anos que preencheram os critérios diagnósticos padrão para um período mínimo de três meses, dentre os seis meses anteriores ao estudo. Estes participaram de 3 sessões por semana durante 8 semanas consecutivas, com cada sessão com duração de aproximadamente 30 minutos. O acompanhamento completo ocorreu para 94,1% dos participantes em 32 semanas, sendo 32 pacientes, dos 34 randomizados, em cada grupo.
O tratamento ativo consistiu na inserção da agulha de acupuntura e estimulação nos pontos de acupuntura (acupontos) pélvicos e sacrais. A acupuntura simulada consistia em estimulação nos mesmos acupontos com uma agulha de ponta romba que não penetrava na pele.
Os avaliadores dos desfechos foram cegados para o tipo de tratamento (acupuntura real ou simulada), e usaram instrumentos validados de mensuração da dor e da qualidade de vida.
À análise de intenção de tratar, a pontuação inicial no escore total de sintomas em 32 semanas foi inferior em 7,4 pontos (escala de 0 a 43; IC95%= 9,8 a 5,1) no grupo de acupuntura do que no grupo de acupuntura simulada, respectivamente, com uma diferença clinicamente significativa pré-determinada de redução de 4 pontos. O número de pacientes com redução de 50% do valor basal no escore total de sintomas também foi significativamente maior em 32 semanas na acupuntura ativa em comparação ao grupo da pseudo acupuntura (56,3% vs 0,0%, respectivamente; NNT= 1,9 para redução de sintomas a longo prazo; IC95%=1,5 – 3.0).
Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos quanto ao número de pacientes que adivinharam se a acupuntura que recebiam era tradicional ou simulada.