O CP normal pode ser realizado ao invés do colpocitológico em pacientes encaminhadas por um oncologista?

| 11 março 2013 | ID: sofs-5413
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático: ,

Sim pode ser feito o CP normal disponível na unidade. Pode-se também ligar para o médico que solicitou este procedimento e comunicar a indisponibilidade do kit para realização de colpocitológico.
Sobre a técnica de conservação da lâmina:
O material tem estabilidade por dois meses e pode ser usado para testes complementares, como a pesquisa de HPV.
O estudo citológico colpocervical, ou exame de Papanicolaou, agora pode ser feito com o acondicionamento do material colhido em meio líquido, em lugar dos tradicionais esfregaços em lâminas de vidro. Esse procedimento, que não tem custo adicional, permite a homogeneização do preparo técnico das lâminas e possibilita, quando necessário, a inclusão de outros testes diagnósticos. A coleta não difere da tradicional, mas é necessário que a amostra seja acondicionada em meio fixador específico.

Vantagens da colpocitologia em meio líquido:

O procedimento é o mesmo do exame convencional, ou seja, feito com espátula de Ayre, para a obtenção de amostras das paredes vaginais e da superfície cervical, e com escova, para a aquisição do material endocervical. A coleta pode ser realizada em consultório, desde que o profissional  disponha de kit próprio.
Na atual nomenclatura citológica brasileira, a adequabilidade da amostra é definida como satisfatória ou insatisfatória. O termo anteriormente utilizado “satisfatório, mas limitado”, foi abolido (INCA, 2006).

  1. Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço).
  2. Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por presença de: sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular.

Recomendação: a mulher deve repetir o exame entre seis e 12 semanas com correção, quando possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório.


Células presentes na amostra – Podem estar presentes células representativas dos epitélios do colo do útero:

Embora a indicação dos epitélios representados na amostra seja informação obrigatória nos laudos citopatológicos, seu significado deixa de pertencer à esfera de responsabilidade dos profissionais que realizam a leitura do exame. As células glandulares podem ter origem em outros órgãos que não o colo do útero, o que nem sempre é identificável no exame citopatológico.
A presença de células metaplásicas ou células endocervicais, representativas da junção escamocolunar (JEC), tem sido considerada como indicador da qualidade da coleta, pelo fato de essa coleta objetivar a obtenção de elementos celulares representativos do local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero.
Uma metanálise de estudos que abordaram a eficácia de diversos dispositivos de coleta mostrou que o uso da espátula de Ayre e da escova de canal aumenta em cerca de três vezes a chance de obtenção de células endocervicais (3). Estudo realizado no Brasil, entre 1992 e 1996, mostrou que a detecção de NIC foi cerca de dez vezes maior no grupo em que as células da JEC estavam representadas (SHIRATA et al, 1998).
A presença exclusiva de células escamosas deve ser avaliada pelo médico responsável. É muito oportuno que os profissionais de saúde atentem para a representatividade da JEC nos esfregaços cervicovaginais, sob pena de não propiciar à mulher todos os benefícios da prevenção do câncer do colo do útero.
Recomendação: esfregaços normais somente com células escamosas devem ser repetidos com intervalo de um ano, e, com dois exames normais anuais consecutivos, o intervalo poderá ser de três anos (Grau B). Para garantir boa representação celular do epitélio do colo do útero, o exame citopatológico deve conter amostra do canal cervical, preferencialmente, coletada com escova apropriada, e da ectocérvice, coletada com espátula tipo ponta longa (espátula de Ayre).

Bibliografia Selecionada:

  1. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. – Rio de Janeiro: INCA, 2011. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Diretrizes_rastreamento_cancer_colo_utero.pdf Acesso em 11 mar 2013.
  2. Pinto AP et al. Investigação do valor da categoria diagnóstica de células epiteliais atípicas, de significado indeterminado, e origem indefinida da nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais. J Bras Patol Med Lab. 2006; 42(2):133-11. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442006000200011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Acesso em 11 mar 2013.
  3. Martin-Hirsch Pierre PL, Paraskevaidis Evangelos, Bryant Andrew, Dickinson Heather O. Surgery for cervical intraepithelial neoplasia. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 11, Art. No. CD001318. DOI: 10.1002/14651858.CD001318.pub4 Disponível em: <http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD001318&lib=COC > Acesso em 11 mar 2013.