Sim,é possível prestar assistência odontológica aos pacientes com necessidades especiais, incluindo pacientes com patologias sistêmicas. Mas,por serem considerados um grupo de risco para a COVID-19, alguns cuidados são necessários para garantir que o atendimento odontológico ocorra com segurança(1).
Sem dúvida, a pandemia do COVID-19 representa o maior desafio que os serviços odontológicos já enfrentaram(2), uma vez que muitos tratamentos médicos causam piora na saúde bucal dos pacientes, bem como os focos de infecção oral influenciam a patologia subjacente, piorando a condição sistêmica do paciente(3). Daí a necessidade da realização do tratamento odontológico nestes pacientes, mesmo em época de pandemia.
Com a pandemia, o atendimento odontológico esteve restrito a procedimentos de urgência e emergência e os pacientes com necessidades especiais em atendimento ambulatorial ou hospitalar interromperam o tratamento e o condicionamento. Idealmente, esses pacientes e familiares devem ser orientados por telefone a contatar o serviço odontológico, em caso de dor, infecção, sangramento ou qualquer outra alteração na cavidade oral(1).
Por outro lado, a realização de procedimentos odontológicos sob sedação com óxido nitroso e sob anestesia geral encontram-se suspensos, por requererem hospitalização e aumentarem as chances de transmissão da doença. Para estes casos é recomendada a implementação de técnicas de gerenciamento de comportamento que utilizem medidas não farmacológicas de controle da dor e da ansiedade, como a dessensibilização, a distração e a terapia comportamental cognitiva profissional(2).
É importante enfatizar que o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos profissionais pode dificultar o reconhecimento e a aceitação por parte de alguns pacientes, requerendo também a necessidade de estratégias de gerenciamento de comportamento(1).O uso de restrição física, após o consentimento legal dos responsáveis(4), e de estabilizadores podem ser implementados, devendo estes serem higienizados após a consulta(3).
Podem ser realizados os procedimentos eletivos que não gerem aerossóis, como o tratamento restaurador atraumático, uso de flúor, de selantes e de diaminofluoreto de prata.Os cuidados inerentes à sala de espera, banheiros e consultório odontológico devem ser adotados para cada paciente, lembrando-se do uso completo de EPIs para todos os pacientes e seus responsáveis(1,5,6).
1. Franco JB, Ribas PF, Valente Júnior LAS, Matias DT, Varotto BLR, Hamza CR, Araújo JF, Peres MPSM. Hospital dentistry and dental care for patients with special needs: dental approach during COVID-19 pandemic. Braz Dent Sci. 2020; 23(2):1-9. Disponível em: https://ojs.ict.unesp.br/index.php/cob/article/view/2243/1516
2. Dziedzic A. Special care dentistry and COVID-19 outbreak:what lesson should we learn? Dent J (Basel). 2020;8:46-48. Disponível em: https://www.mdpi.com/2304-6767/8/2/46 3. Franco JB, Camargo AR, Peres MPSM. Cuidados Odontológicos na era do COVID-19: recomendações para procedimentos odontológicos e profissionais. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2020;74(1):18-21. Disponível em: http://www.crosp.org.br/uploads/arquivo/8b9e5bd8d0d5fd9cf5f79f81e6cb0e56.pdf 4. Souza RCC, Costa PS, Costa LR. Dental sedation precautions and recommendations during the COVID-19 pandemic. Rev Bras Odontol. 2020;77:e1788. Disponível em: https://odontopediatria.cl/wp-content/uploads/2020/04/Souza-et-al-2020-Dental-sedation-Covid-19.pdf.pdf 5. Huang C, Wang Y, Li X, Ren L, Zhao J, Hu Y, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020;395(10223):497-506.Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30183-5/fulltext 6. Zhu N, Zhang D, Wang W, Li X, Yang B, Song J, et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. 2020;382(8):727-33. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa2001017 |