Não, pois a alergia à proteína do leite de vaca é diferente da intolerância à lactose e o seu tratamento também. A lactose é o que se conhece popularmente como o “açúcar do leite”. Ela é constituída pela união de uma molécula de glicose e uma molécula de galactose. A atividade enzimática da lactase quebra esta ligação, liberando a glicose e a galactose para absorção pelas células intestinais. A enzima lactase é adicionada ao leite e a produtos lácteos, ou administrada oralmente com as refeições, com o objetivo de prevenir os sintomas da intolerância à lactose em pessoas que apresentam deficiência da mesma. Esta enzima é disponível comercialmente na forma líquida e em cápsulas e tabletes, sendo a necessidade de uso e a respectiva dose, variáveis de acordo com o grau de intolerância à lactose e à quantidade de leite e/ou derivados ingeridos.
Complementação
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação do sistema de defesa do organismo às proteínas do leite (caseína, alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina). Já a intolerância à lactose é decorrente da dificuldade do organismo em digerir a lactose, devido à diminuição ou ausência de lactase, enzima que a digere.
APVL
Mais comum em crianças, especialmente em bebês (1).
Manifestações clínicas: Um ou mais dos seguintes sintomas: digestivos (vômitos, cólicas, diarreia, dor abdominal, prisão de ventre, presença de sangue nas fezes, refluxo, etc.), na pele (urticária, dermatite atópica de moderada a grave), respiratórios (asma, chiado no peito e rinite), reação anafilática, baixo ganho de peso e crescimento. Podem ocorrer em minutos, horas ou dias após a ingestão de leite de vaca ou derivados, de forma persistente ou repetitiva (2).
Tratamento: O único tratamento comprovadamente eficaz é a dieta isenta das proteínas do leite, pois ao deixar de consumir o alimento que causa a alergia o sistema de defesa da criança não irá produzir as células e anticorpos responsáveis pela reação alérgica, possibilitando a remissão dos sintomas e o desenvolvimento futuro da tolerância ao leite (1,2).
Intolerância à lactose
É mais comum em adultos e idosos (1). Também pode ser uma consequência, às vezes temporária, em casos de diarreia prolongada ou doenças inflamatórias intestinais.
Manifestações clínicas: Apenas intestinais: Diarreia, cólicas, gases, distensão abdominal (barriga estufada). Podem ocorrer em minutos ou horas após a ingestão do leite de vaca, ou de derivados do leite.
Tratamento: Inicialmente se recomenda evitar temporariamente leite e produtos lácteos da dieta para se obter remissão dos sintomas, reintroduzindo gradualmente de acordo com o limiar sintomático de cada indivíduo. Nesta fase, algumas medidas não farmacológicas podem auxiliar na elevação deste limiar e contribuir para adaptação à lactose, como por exemplo, a sua ingestão junto com outros alimentos, o seu fracionamento ao longo do dia e o consumo de produtos lácteos fermentados (3).
Caso estas medidas não funcionem para reduzir os sintomas de intolerância à lactose, medidas farmacológicas podem ser adotadas. Os preparados comerciais de lactase, quando adicionados a alimentos que contenham lactose ou ingeridos com refeições com lactose, são capazes de reduzir os sintomas em muitos indivíduos intolerantes à lactose (2,3). Entretanto, estes produtos não são capazes de hidrolisar completamente toda a lactose da dieta, e possuem resultados variáveis em cada paciente (3).
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2- Qual a diferença entre intolerância a lactose e alergia a leite?