Como estruturar grupos de promoção da alimentação saudável direcionados a adultos e idosos?

| 29 outubro 2014 | ID: sofs-13896
Solicitante:
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DeCS/MeSH: , , , ,
Graus da Evidência:

Diversos aspectos devem ser ponderados na estruturação de grupos de promoção da alimentação saudável, como aqueles relacionados aos sujeitos envolvidos, às condições de segurança alimentar e nutricional em que vivem e ao próprio formato da atividade educativa planejada.
Em relação aos sujeitos envolvidos, recomenda-se considerar suas condições objetivas, conhecimentos, valores e experiências no desenvolvimento da atividade educativa 1. Aspectos como a cultura e os hábitos alimentares das pessoas envolvidas devem ser debatidos, no sentido de buscar o resgate da cultura alimentar local e a problematização crítica dos hábitos predominantes atualmente na sociedade. Nesse sentido, além da difusão de informações em relação à alimentação saudável e adequada, deve-se incentivar a reflexão sobre fatores individuais e coletivos que influenciam as práticas em alimentação e saúde, utilizando metodologias que estimulem o espírito crítico e o discernimento das pessoas diante de sua realidade a fim de que possam fazer escolhas mais saudáveis 2.
O formato do grupo deve possibilitar o senso de inclusão, valorização e identificação entre os participantes1. Para sua estruturação, recomenda-se a consideração de alguns aspectos2:

A reflexão sobre esses aspectos deverá servir de subsídio para o planejamento e a programação das ações educativas a serem desenvolvidas, cuja definição dependerá de diferentes fatores. Por exemplo, a periodicidade dos encontros dependerá da capacidade da equipe em realizá-los, podendo ocorrer semanal, quinzenal ou, ao menos, mensalmente. Dependerá, também, do público alvo que se deseja alcançar (se o foco for adultos jovens, possivelmente um grupo mensal será uma opção melhor porque frequentemente tais indivíduos não podem se ausentar muito de seus empregos; por outro lado, sendo um grupo direcionado a idosos, pode-se pensar em encontros mais frequentes). A condução das atividades deve favorecer a troca de informações para construir os processos de aprendizagem e mudança. Ou seja, sugere-se que o grupo reflita e avalie com base em suas próprias experiências, buscando alternativas para uma alimentação saudável a partir de suas vivências. Desta forma, o profissional pode escutar aquilo que os usuários colocam e, a partir disso, identificar temas a serem explorados, refletidos e aprofundados, de acordo com a necessidade do grupo.
Com relação à coordenação do grupo, na Atenção Básica indica-se que seja compartilhada, sempre que possível, entre o nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e um profissional da equipe de Saúde da Família (equipe de SF), contando com outros profissionais de saúde no grupo em questão. Essa ação é coerente com a lógica do trabalho integrado preconizada para essas equipes e recomendada nas diretrizes nacionais para o processo de trabalho do NASF 3. Além de favorecer a integração na execução direta das ações de saúde, permite a promoção da educação permanente da equipe de SF, um dos principais objetivos do NASF 3.
Já para a avaliação, sugere-se que seja realizada com os usuários que participam das atividades, identificando-se sua contribuição para a melhoria da saúde e a satisfação com as ações e solicitando sugestões para sua qualificação. Além disso, deve ser realizada em equipe, a fim de avaliar se os resultados alcançados responderam aos objetivos inicialmente propostos e adequar as ações educativas, sempre que necessário, a fim de alcançá-los.
Somado a essas considerações, recomenda-se a problematização sobre as condições de segurança alimentar e nutricional da população atendida nos espaços educativos de promoção da alimentação saudável. Na América Latina, essa discussão deve afirmar a centralidade da questão do acesso aos alimentos para a sua promoção, tanto nos casos em que esse acesso é irregular ou insuficiente (onde se origina a fome), quanto naqueles em que o acesso é demasiadamente custoso, comprometendo parcela substancial da renda total das pessoas e dificultando o consumo de alimentos considerados saudáveis e o acesso aos demais componentes necessários a uma vida digna 4.


Bibliografia Selecionada:

  1. Maffacciolli R, Lopes MJM. Educação em saúde: a orientação alimentar através de atividades de grupo. Acta Paul Enferm. 2005; 19(4): 439-45. Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n4/a14v18n4.pdf Acesso em: 29 out 2014.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica, Obesidade. Caderno de Atenção Básica (12). Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. p. 54-60. Disponível em: http://www.medlearn.com.br/ministerio_saude/atencao_basica/cadernos_atencao_basica_12_obesidade.pdf  Acesso em: 29 out 2014.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Cadernos de Atenção Básica (27). Brasília: Ministério da Saúde, 2009. p. 9-23. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf Acesso em: 29 out 2014.
  4. Maluf RS. Segurança alimentar e desenvolvimento econômico na América Latina: o caso do Brasil. Revista de Economia Política. 1995; 1(57): 134-40. Disponível em: http://ieham.org/html/docs/Maluf%20A%20Seg%20Alim%20e%20o%20Desenv%20Econ%20na%20AL.pdf  Acesso em: 29 out 2014.