O objetivo do tratamento da dislipidemia com estatinas depende de sua indicação. Seu efeito benéfico parece não ocorrer apenas pela redução isolada dos níveis de colesterol, mas por somar-se na estratégia de redução de risco cardiovascular em indivíduos com fatores de risco ou doença estabelecida.
Para prevenção secundária de eventos coronarianos isquêmicos e de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, bem como em indivíduos com alto risco cardiovascular (acima de 1,5% ao ano), o uso de estatinas diminui a incidência de eventos isquêmicos e a mortalidade.
Essa redução de risco é diretamente relacionada ao risco cardiovascular basal e à diminuição dos níveis de colesterol.
Ela independe dos níveis séricos iniciais de colesterol para os casos de prevenção secundária e ocorre inclusive para valores de colesterol total de 140 mg/dl nos pacientes com alto risco para doença cardiovascular. Assim, a estatina não deve ser suspensa nessas situações. GRAU A
Para pacientes dislipidêmicos com baixo risco para doença cardiovascular (abaixo de 0,6% ao ano), não existem estudos avaliando o impacto do uso de estatinas na redução de eventos cardiovasculares ou mortalidade. GRAU D Dessa forma, a opção pelo uso da estatina pode não se traduzir em benefícios clínicos quando o risco basal é atribuído apenas à dislipidemia.
A suspensão da farmacoterapia com estatinas tende a reverter a redução do colesterol obtida com o tratamento. É possível que níveis alvo de colesterol possam ser mantidos na ausência do fármaco quando há concomitante modificação do estilo de vida.