Quando recomendar o retratamento de sífilis em gestante?

| 4 março 2021 | ID: sofs-43738
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,

O retratamento da gestante com sífilis é indicado nas seguintes situações:

1- Não redução da titulação em duas diluições no intervalo de seis meses (sífilis primária, secundária e sífilis latente recente) ou 12 meses (sífilis tardia) após o tratamento adequado (ex.: de 1:32 para 1:8, ou de 1:128 para 1:32)

2- Aumento da titulação em duas diluições (ex.: de 1:16 para 1:64 ou de 1:4 para 1:16) em qualquer momento do seguimento

3- Persistência ou recorrência de sinais e sintomas de sífilis em qualquer momento do seguimento

O seguimento da gestante com sífilis deve levar em consideração tanto os sinais e os sintomas clínicos quanto o monitoramento laboratorial da resposta ao tratamento.

Nesses casos é importante repetir exame do parceiro e retrata-lo também.


Os testes Treponêmicos FTA-Abs, ELISA/EQL,TPHA/TPPA/MHA-TP, Teste Rápido (TR), na maioria das vezes permanecem reagentes pelo resto da vida da pessoa mesmo após o tratamento, não sendo indicados para monitoramento da resposta ao tratamento. Em suspeita de reinfecção, é recomendada a utilização do Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) para acompanhar a titulação e verificar se é uma infecção tardia ou reinfecção.

A quantificação do título de teste não treponêmico deve ser obtida no início do tratamento (idealmente, no primeiro dia de tratamento), uma vez que os títulos podem aumentar significativamente após alguns dias entre o diagnóstico de sífilis e o início do tratamento. Isso é importante para documentação da real queda da titulação, evitando a necessidade de retratamento.

A realização de teste não treponêmico é  mensal e serve para avaliar resposta imunológica adequada.

A queda da titulação em pelo menos 2 diluições em até 3 meses após a conclusão do tratamento é o esperado para se considerar curada. No aumento da titulação em pelo menos duas diluições, ou persistência/recorrência dos sinais/sintomas, ou ausência de queda esperada do título, sempre se deve investigar reinfecção, sinais/sintomas neurológicos e/ou oftalmológicos.

A testagem para sífilis está preconizada na gestação na 1ª consulta de pré-natal, idealmente no 1º trimestre, no início do 3º trimestre (a partir da 28ª semana), no momento do parto ou em caso de aborto. Em todos os casos de gestantes, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sífilis 2017. Bol. Epidemiol. Brasília. 2017;48(36):1-41(Acesso em 24 de fevereiro de 2021). Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2017

2. Brasil. Ministério da Saúde. Relatório técnico preliminar do estudo sentinela-parturiente. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. (Cadernos de Atenção Básica, n° 32). Brasília: Ministério da Saúde, 2013:318p. (Acesso em 24 de fevereiro de 2021) Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília : Ministério da Saúde, 2020:248p. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde : volume único [recurso eletrônico]. 3a. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019:740p. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf