O hipotireoidismo subclínico é diagnosticado quando o TSH sérico está aumentado, mas o T4 livre sérico está normal e não existem sinais ou sintomas de disfunção da tireóide (1).
Os ensaios clínicos randomizados realizados até o momento demonstraram que a reposição de levotiroxina no hipotireoidismo subclínico não resultou em aumento da sobrevida ou redução da morbidade cardiovascular.
Também não foram demonstradas diferenças significativas no que diz respeito à qualidade de vida ou redução de sintomas entre os grupos de intervenção. Contudo, algumas evidências indicam que a reposição com levotiroxina melhora o perfil lipídico e a função ventricular esquerda (2).
O tratamento também pode induzir hipertensão, reduzir a massa óssea em mulheres após a menopausa e aumentar o risco de fibrilação atrial (1).
Portanto, o tratamento do hipotireoidismo subclínico é controverso. Uma revisão científica realizada recentemente por um grupo de especialistas não apoiou a utilização rotineira de levotiroxina nestes casos (3).
Na prática, uma abordagem razoável seria medir novamente os níveis de TSH após 3 meses, para verificar se seus níveis séricos continuam aumentados. Se a elevação persistir, e se o paciente apresentar sintomas compatíveis com hipotireoidismo, então um teste terapêutico com levotiroxina por 3 a 6 meses está justificado.
Se o paciente não apresentar sintomas, e os níveis de TSH permanecerem estáveis, então uma conduta expectante é mais adequada. Uma exceção são os casos de hipotireoidismo subclínico em gestantes (ou em mulheres que estão tentando engravidar), situações em que o tratamento sempre deve ser recomendado (4).