A atuação clínica frente a um abscesso apical agudo deve ser voltada para o estabelecimento de drenagem, quando possível, sendo realizada pela abertura ampla da câmara pulpar do dente afetado ou através de incisão cirúrgica (1). Os antibióticos são considerados coadjuvantes da intervenção clínica, sendo que seu uso tem indicação precisa e deve ser respeitada com a finalidade de prevenir a superinfecção e a resistência bacteriana (2).
As situações em que está indicada a prescrição de antibiótico são: presença de sinais de disseminação do processo infeccioso (linfonodos palpáveis, celulite, dispnéia, trismo), sinais de ordem sistêmica (febre, falta de apetite, mal estar) e em pacientes com comprometimento dos mecanismos de defesa, como por exemplo, casos de leucemia, agranulocitose e leucopenia.
Mesmo que a drenagem não tenha ocorrido, somente se indica antibiótico com a presença de alguma das complicações citadas acima, caso contrário, deve-se indicar utilização de calor intraoral na tentativa de drenagem do abcesso (2).
As penicilinas são os antibióticos de escolha. A penicilina V tem indicação em casos de infecção inicial ou moderada, mas nos casos de disseminação sistêmica rápida ou administração para imunodeprimidos deve-se optar pela amoxicilina. Caso haja história de alergia, deve-se optar pela eritromicina, clindamicina ou azitromicina. Em casos de infecções resistentes, com manifestações mais severas ou não haver melhora após 48 horas do início do tratamento, o metronidazol associado à amoxicilina e a amoxicilina associada ao clavulanato de potássio estão indicados (2).
A duração da antibioticoterapia geralmente oscila entre 5 a 10 dias, devendo ser prolongada por 3 a 4 dias depois do desaparecimento das manifestações clínicas (3).