Qual tratamento para tendinopatias calcárea do ombro?

| 20 dezembro 2022 | ID: sofs-45221
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

O tratamento de escolha da tendinite calcárea (TC) do ombro é o conservador com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e fisioterapia. Em casos que não responde aos AINES e fisioterapia, injeções subacromiais, lavagem bursal e terapia extracorpórea por ondas de choque (ESWT) tem sido utilizados. Fisioterapia, incluindo mobilização autoajuda e exercícios em casa, é prescrito para prevenir a rigidez. ESWT pode ser aconselhado para promover a reabsorção de cálcio, enquanto outras terapias físicas (laser, estimulação elétrica nervosa transcutânea) podem ajudar a tratar tendinopatias associadas da Cabeça Longa do Bíceps.  Em alguns casos, nas fases iniciais, pode haver cura espontaneamente, pela remoção do nódulo cálcico pelos macrófagos. A indicação cirúrgica dos depósitos de cálcio, após tratamento conservador, ocorre quando há progressão dos sintomas, dor constante interferindo com as atividades da vida diária e comprometendo a qualidade de vida. O método de escolha é a videoartroscopia que tem como vantagens menor agressão anatômica, curta internação hospitalar, início precoce da fisioterapia com retorno mais rápido a as atividades, possibilidade do tratamento de lesões associadas intra-articulares, melhor aspecto estético e baixo índice de complicações. Não se indica o tratamento cirúrgico sem anteriormente ser submetido ao tratamento conservador. É muito importante o acompanhamento periódico para avaliação clinica e radiológica verificando  se houve reabsorção dos depósitos calcáreos pelo próprio organismo ou se houve progressão com repercussão em outras estruturas internas do ombro.

A TC do ombro é um distúrbio doloroso de ocorrência frequente, caracterizado pela presença de depósitos calcificados nos tendões do manguito rotador afetando principalmente o tendão supraespinal, mas ocasionalmente é visto no infraespinhal e subescapular. O diagnóstico é clínico e por imagens – a radiografia e a ultrassonografia, pois os depósitos de cálcio são facilmente identificáveis ​​em ambas. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética devem ser reservadas para casos duvidosos.

Essencialmente, existem cinco complicações principais: dor, capsulite adesiva, lacerações e rupturas parciais e totais dos tendões do manguito rotador, osteólise do tubérculo maior do úmero e tendinite ossificante.

É uma condição clínica incapacitante que na fase aguda induz dor intensa e limitação da função do ombro. Embora a maioria dos casos de TC seja quase assintomática, não é incomum que alguns deles se apresentem em emergência ou com consultas ambulatoriais frequentes devido à ineficácia das várias modalidades de tratamento conservador. Nesta fase aguda, a dor tende a ser tão intensa que permite apenas movimentos limitados do ombro com sensibilidade acentuada. Na fase crônica ou subaguda, a dor pode ser intensa, mas geralmente o movimento do ombro é permitido. A causa da ocorrência de dor na TC é devido a uma resposta inflamatória, quando o organismo reconhece a calcificação e tenta reabsorvê-la causando tendinite ou bursite por irritação química causando dor intensa.

A prevalência relatada da TC é de 2,7% em indivíduos assintomáticos, mais comum em mulheres entre a 4ª e 6ª décadas de vida e em trabalhadores sedentários e em 25% dos casos é bilateral. É uma doença que permanece assintomática na maioria dos pacientes. Uma vez manifestada, pode apresentar-se de diversas formas, o que pode trazer repercussões negativas tanto social quanto profissionalmente para o paciente.

Bibliografia Selecionada:

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