Qual tipo de repelente pode ser usado por gestante?

| 20 abril 2016 | ID: sofs-23418
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

Os produtos repelentes de uso tópico podem ser utilizados por gestantes, desde que estejam devidamente registrados na ANVISA e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo (1). Esta é a orientação do Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika, emitido pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2015, que tem como objetivo prover a profissionais de saúde e áreas técnicas de vigilância em saúde informações gerais, orientações técnicas e diretrizes relacionadas às ações de vigilância das microcefalias em todo território nacional.
O uso de repelentes na gestação é seguro e está indicado como forma de proteção contra picadas de mosquitos, incluindo o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika. A N-N-dietil-3-metil-toluamida (DEET) é a substância mais utilizada e mais bem estudada em todo o mundo.  Outras substâncias comercialmente disponíveis no Brasil, como Icaridina e IR3535, foram menos estudadas, porém apresentam baixa absorção sistêmica quando em uso tópico e podem ser utilizadas por gestantes também. (1, 2)


COMPLEMENTAÇÃO
A segurança do uso de repelentes a base de DEET é sugerida por um ensaio clínico randomizado e duplo-cego que avaliou o uso de DEET no segundo e no terceiro trimestre e não encontrou nenhum efeito adverso neurológico, gastrointestinal ou dermatológico em mulheres que utilizaram essa substância durante a gravidez.  A sobrevida fetal, o crescimento e o desenvolvimento neurológico das crianças acompanhadas até um ano de idade não diferiu entre os grupos do estudo. Esse mesmo estudo encontrou níveis de DEET no cordão umbilical em um subgrupo, evidenciando que o DEET atravessa a placenta, este achado, no entanto, não se correlacionou com aumento do risco de malformações. (3,4)
Além do DEET, no Brasil são utilizadas em cosméticos as substâncias repelentes Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate (Icaridin ou Picaridin) e Ethyl butylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535), além de óleos essenciais, como Citronela. Embora não tenham sido encontrados estudos de segurança realizados em gestantes, estes ingredientes são reconhecidamente seguros para uso em produtos cosméticos conforme compêndios de ingredientes cosméticos internacionais. (1,2)
Nos Estados Unidos, os produtos repelentes são regularizados pela United States Enviromental Protection Agency (EPA). As seguintes substâncias estão presentes em produtos regularizados pela EPA: Catnipoil, Óleo de citronela; DEET; IR 3535; p-Menthane-3,8-diol e 2-undecanone ou methyl nonyl ketone. Portanto, os ativos utilizados no Brasil estão dentre os utilizados nos Estados Unidos. (1,2)
O Center for Disease Control e Prevention (CDC), também nos Estados Unidos, recomenda o uso de produtos repelentes por gestantes, uma vez que a EPA não estabelece nenhuma restrição nesse sentido. Entretanto, destaca que as recomendações de uso da rotulagem devem ser consideradas.(1,2)
A consulta de cosméticos repelentes regularizados na ANVISA pode ser feita no endereço http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_cosmetico.asp. (1)

Uso de repelentes ambientais para controle do mosquito da dengue e orientações sobre sua utilização por grávidas: (1)
Produtos saneantes repelentes e inseticidas podem ser utilizados em ambientes frequentados por gestantes, desde que estejam devidamente registrados na ANVISA e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo.
A ANVISA não permite a utilização de substâncias que sejam comprovadamente carcinogênicas, mutagênicas ou teratogênicas em produtos saneantes. Entretanto, como os produtos são destinados a superfícies e ambientes, não são apresentados estudos com aplicação direta em pessoas, o que significa que uma superexposição da gestante ao produto pode não ser segura. Dessa forma, a segurança para a utilização desses produtos em ambientes frequentados por gestantes depende da estrita obediência a todos os cuidados e precauções descritas nos rótulos dos produtos.
Um exemplo de restrição trazida no rótulo é: “Durante a aplicação não devem permanecer no local pessoas ou animais domésticos”.

Os produtos comumente utilizados no combate e/ou no controle da população do mosquito Aedes aegypti são:

A consulta de produtos saneantes regularizados na ANVISA pode ser feita nos endereços abaixo:
Registrados: http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_saneante.asp
Notificados: http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Notificado/Saneantes/NotificadoSaneante.asp

Proteger-se das picadas de insetos durante a gestação: (1)

ATRIBUTOS APS

Educação em saúde, comunicação e mobilização social:

Outra medida importante, consiste na escolha de um porta-voz ou de pessoas chaves na comunidade para transmitir informações atualizadas e orientar a população sobre:

Educação continuada
Acesse o site abaixo que contem perguntas e respostas sobre microcefalia: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/20799-microcefalia

Grau de Evidência B
Tendo em vista as várias lacunas ainda existentes no conhecimento acerca da infecção pelo vírus Zika, sua patogenicidade, as características clínicas e potenciais complicações decorrentes da infecção causada por esse agente, deve ser ressaltado que as informações e recomendações agora divulgadas são passíveis de revisão e mudanças frente às eventuais incorporações de novos conhecimentos e outras evidências, bem como da necessidade de adequações das ações de vigilância em cenários epidemiológicos futuros.

SOF relacionadas:

  1. Quais repelentes podem ser utilizados por gestantes e qual o modo de uso?
  2. Gestantes podem usar repelentes para mosquitos?

Bibliografia Selecionada:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde/ Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (Org.). Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika. 2015. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/dezembro/09/Microcefalia—Protocolo-de-vigil–ncia-e-resposta—vers–o-1—-09dez2015-8h.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016
  2. Plataforma Telessaúde Rio Grande do Sul. TelessaúdeRS/UFRGS e Serviço de Genética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre/UFRGS. Parecer técnico gerencial sobre o uso de repelentes em gestantes. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/rscontraaedes/documents/parecer_tecnico_gerencial_sobre_o_uso_de_repelentes_em_gestantes.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.
  3. MCGREADY Rose, et al. Safety of the insect repellent N,N-diethyl-M-toluamide (DEET) in pregnancy. Am J Trop Med Hyg. 2001, 65(4):285-9; . Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/65/4/285.long>. Acesso em: 18 abr. 2016.
  4. Carroll ID, Toovey S, Van Gompel A. Dengue fever and pregnancy – a review and comment. Travel Med Infect Dis. 2007, 5(3):183-8; Resumo disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17448946>. Acesso em: 18 abr. 2016.