Como a bromidrose geralmente resulta da decomposição bacteriana do suor e da queratina, o tratamento consiste principalmente em reduzir a proliferação das bactérias e/ou diminuir a quantidade de suor das áreas afetadas.
Medidas gerais:
• Otimizar a higiene. As axilas devem ser lavadas com água e sabão diariamente. No entanto, a higiene excessiva deve ser desencorajada pelo risco de irritação da pele. Se houver presença de dermatoses concomitantes (por exemplo: intertrigo micótico, eritrasma), devem ser adequadamente tratadas, pois podem contribuir para o agravamento do quadro.
• Dar preferência ao uso de roupas e meias de tecidos que mantenham a umidade longe da pele, como o algodão ou outros tecidos absorventes.
• Trocar as roupas e meias diariamente e evitar permanecer com as meias suadas por período prolongado.
• Usar sabonetes antissépticos nas axilas ou pés durante o banho (por exemplo: sabonete com triclosan 1% ou a base de iodo).
• Evitar ingesta de alho.
• Na bromidrose nos pés, é importante adotar medidas para remover o estrato córneo excessivo, orientando a esfoliação suave das áreas hiperceratóticas (por exemplo: lixar suavemente as áreas de pele espessada, após o banho, uma vez por semana).
• Na bromidrose axilar, realizar a remoção dos pelos da axila, já que podem ajudar a acumular bactérias e odores.
• Uso de antitranspirantes, especialmente naqueles pacientes que apresentam hiperidrose associada (por exemplo: cloreto de alumínio hexahidratado a 6,25% a 20% em solução alcoólica, dependendo da gravidade do caso e conforme a tolerância do paciente).
A medicação pode ser manipulada e existem formulações comercialmente disponíveis. Orientar a aplicação de pequena quantidade do produto, com a pele bem seca, à noite (esperar secar ou utilizar secador com ar frio). Aplicar por três a cinco noites consecutivas e, após, manter o uso uma a duas vezes por semana, de maneira contínua. A pele tratada deve ser lavada na manhã seguinte para retirada do produto.
Se as medidas acima não forem suficientes, podem ser utilizados:
Clindamicina 1% ou eritromicina 2%, sob manipulação em creme, loção ou gel, aplicar duas vezes ao dia, até melhora do odor. Pode ser necessário repetir o curso ou até mesmo manter o uso contínuo da medicação para manutenção da resposta.
Em casos graves de bromidrose axilar, resistentes aos tratamentos acima, deve-se considerar o encaminhamento para atenção especializada, para avaliar a possibilidade de tratamentos mais invasivos, tais como aplicação de toxina botulínica e simpatectomia.
Na avaliação inicial, é preciso certificar-se de que o paciente apresenta bromidrose verdadeira. Se não for identificado odor corporal desagradável ao exame físico ou o odor desagradável não for percebido por outras pessoas próximas ao paciente, deve-se avaliar a possibilidade de outros diagnósticos, como a síndrome de referência olfativa, transtorno delirante do tipo somático ou ainda alucinações olfativas.
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