Qual o tratamento e que exames solicitar para pacientes de herpes zóster?

| 22 março 2022 | ID: sofs-44768
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Recorte Temático:

Os exames laboratoriais não são utilizados para confirmação ou descarte dos casos de varicela, exceto quando é necessário fazer o diagnóstico diferencial em casos graves. Os testes sorológicos mais utilizados são ensaio imunoenzimático (EIE), aglutinação pelo látex (AL) e imunofluorescência indireta (IFI), embora a reação em cadeia da polimerase (PCR) seja considerada o padrão ouro para o diagnóstico de infecção pelo VVZ (principalmente em caso de varicela grave)(1).  O tratamento tem como objetivo reduzir a extensão e a duração dos sintomas, complicações como infecção bacteriana secundária de pele (impetigo, abscesso, celulite, erisipela) ou sistêmica sepse (artrite, pneumonia, endocardite, encefalite ou meningite e glomerulonefrite) e sequelas crônicas como a Nevralgia pós-herpética (NPH)(1-3). O tratamento sintomático pode ser feito em regime ambulatorial, enquanto pessoas acometidas por varicela grave ou herpes-zóster disseminado devem ser hospitalizadas imediatamente, em regime de isolamento de contato e respiratório(1).

O tratamento sintomático (lesões cutâneas, dores nevrálgicas, parestesias, ardor e coceira locais, febre, dor de cabeça e mal-estar) compreende, além higiene da pele com água e sabão e corte das unhas adequado, o antitérmico para baixar a febre, o analgésico que não seja salicilato (produtos contendo aspirina) para alívio da dor e um anti-histamínico sistêmico para atenuar o prurido(1-3). Os corticosteroides, na fase aguda da doença, reduzem a neurite aguda, devendo ser adotado em pacientes sem imunocomprometimento(1).

A terapia antiviral específica (velaciclovir e fanciclovir oral, que devem ser usados exatamente conforme a prescrição médica) deve ser iniciada em até 72 horas após o surgimento da irritação da pele para a redução da ocorrência da NPH(1-3).  O uso do aciclovir é restrito para pessoas com risco de agravamento (idade inferior a 12 anos, portadoras de doença dermatológica crônica, pneumopatias crônicas ou indivíduos que estejam recebendo tratamento com ácido acetilsalicílico por longo tempo ou recebem medicamentos à base de corticoides por aerossol ou via oral ou via endovenosa)(1).  A administração por via endovenosa deve ser feita nas primeiras 24 horas após o início dos sintomas, para a redução da morbimortalidade em pacientes com comprometimento imunológico. As indicações para aciclovir oral são(1):

Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5 vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias.

Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – deve-se fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias.

Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médico.

Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias.

Embora não haja evidência de teratogenicidade, o aciclovir não é recomendado para gestantes, exceto em caso de complicações como pneumonite, para o qual deve-se considerar o uso endovenoso(1).

Nos casos da ocorrência da NPH, o regime terapêutico inclui várias drogas: creme de capsaicina, de 0,025% a 0,075%; lidocaína gel, a 5%; amitriptilina, em doses de 25 a 75mg, via oral; carbamazepina, em doses de 100 a 400mg, via oral; benzodiazepínicos, rizotomia, termocoagulação e simpatectomia.


O herpes-zóster decorre da reativação do vírus da varicela, que permanece em latência. A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico, portadores de doenças crônicas, neoplasias, AIDS e outras(1-3 ).

 

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único. 3ª. ed. Brasília-DF. [acesso em 27 de jan 2022]. 2019:740p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf

2. CDC (Center for Disease Control and Prevention) [internet]. Treating Shingles. [acesso em 27 de jan 2022]. 2019. Disponível em: https://www.cdc.gov/shingles/about/index.html

3. Janninger CK. Herpes Zoster Guideline. Medscape. [acesso em 27 de jan 2022]. Updated: Jul 21, 2021. Disponível em: https://emedicine.medscape.com/article/1132465-guidelines