Qual o parâmetro de notificação para microcefalia?

| 18 abril 2022 | ID: sofs-44851
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O Brasil utiliza o instrumento utilizado recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a medida do perímetro cefálico, a tabela e a curva de InterGrowth, que tem como referência e varia conforme a idade gestacional do bebê no nascimento e continua sendo acompanhado ao longo de toda a infância. O documento do Ministério da Saúde de 2017 que substitui os anteriores publicados em 2016 orienta(1):

· Pré-termo (idade gestacional menor que 37 semanas): circunferência craniana menor que 2 desvios-padrão, segundo a curva de crescimento da InterGrowth de acordo com a idade e sexo.  O perímetro da circunferência conforme o sexo e idade em semanas e dias está disponível nos anexos E e F das Orientações do Ministério da Saúde(1).

· A termo ou pós termo (idade gestacional igual ou maior que 37 semanas): circunferência craniana menor que 2 desvios-padrão, segundo a tabela da OMS de acordo com a idade e sexo. O perímetro da circunferência conforme o sexo e idade em semanas e dias está disponível nos anexos G e H das Orientações do Ministério da Saúde(1).


Complemento: a medição do perímetro cefálico é feita com fita métrica inelástica sobre o ponto mais proeminente da parte posterior do crânio (occipital) e sobre as sobrancelhas. Se houver alguma proeminência frontal e for assimétrica, passar a fita métrica sobre a parte mais proeminente. Os valores obtidos devem ser registrados em gráficos de crescimento craniano, o que permite a construção da curva de cada criança e a comparação com os valores de referência(1). A aferição do perímetro deve ser feita a partir de 24 horas após o nascimento, dentro da primeira semana de nascimento porque a maioria dos recém-nascidos de parto normal apresenta suturas superpostas, fazendo com que o perímetro da circunferência apresente, de forma transitória, abaixo do parâmetro de corte. Deste modo, evita-se que crianças normais sejam inseridas para investigação desnecessariamente (falsos-positivos). Em situações excepcionais, em que a alta ocorrer antes das 24 horas, a aferição poderá ser realizada antes da saída da unidade de saúde. Entretanto, deverá ser realizada nova medida, preferencialmente na primeira semana, pelo serviço de referência para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e essa informação deverá ser repassada para o serviço de vigilância do município. Após a primeira semana de vida, deve-se adotar a medida correspondente para idade e sexo, disponível nas tabelas de referência do MS(1,2).

 

Por ser considerada uma emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), portaria nº 1.813 de 11 de novembro de 2015(3) exige a notificação da microcefalia no Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP), um formulário online, desenvolvido com a finalidade de registar as emergências de saúde pública, através do formulário online no DATASUS denominado RES-Microcefalia(2,4), disponível no link: http://resp.saude.gov.br/microcefalia#/painel

 

Os casos notificados não devem ser classificados de acordo com os resultados de exames de imagem e laboratoriais específicos, como a ultrassonografia transfontanela (US-TF) e a tomografia, quando o tamanho da fontanela (moleira) impossibilita a realização da US-TF ou caso ainda persista dúvida diagnóstica após a US-TF(1).Todas as crianças diagnosticadas com a microcefalia devem ser inseridas no Programa de Estimulação Precoce, desde o nascimento até os três anos de idade – período em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente. A estimulação precoce tem como objetivo estimular o potencial máximo de cada criança, englobando o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva, o quais podem ser prejudicados pela microcefalia(5).

 

Atributos da Atenção Básica: a atenção básica realiza o acompanhamento das crianças com microcefalia durante as consultas de puericultura. Essas crianças também devem ser acompanhadas para estimulação precoce em serviços de referência, como o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), mantendo na atenção básica a coordenação do cuidado destes usuários assistidos em vários pontos da rede de saúde e de assistência social.

SOF Relacionada:
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Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional: procedimentos para o monitoramento das alterações no crescimento e desenvolvimento a partir da gestação até a primeira infância, relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infeciosas dentro da capacidade operacional do SUS [internet].  Brasília:DF. [acesso em 05 jan 2022].  2017:158p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_integradas_vigilancia_atencao_emergencia_saude_publica.pdf

 

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas. Manual de Operação: Registro de Eventos em Saúde Pública – RESP-Microcefalia,Versão 2.0. [acesso em 05 jan 2022]. Brasília, novembro 2021:33p. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/Resp/MANUALDEOPERACAO_RESPMICRO.pdf

 

3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1.813, de 11 de novembro de 2015. Declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil [internet]. [acesso em 05 jan 2022].  Diário Oficial da União, Nº 216, Seção 1, 12 de novembro de 2015. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=51&data=12/11/2015

 

4. Brasil. Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). [internet]. Registo de Eventos em Saúde Pública – RESP (Microcefalia). [acesso em 05 jan 2022] 2016. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/resp

 

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia sobre a estimulação precoce na Atenção Básica : Contribuições para abordagem do desenvolvimento neuropsicomotor pelas equipes de Atenção Básica, Saúde da Família e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), no contexto da microcefalia  Brasília-DF. Versão Preliminar; [acesso em 05 jan 2022]. 2016:34p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_estimulacao_precoce_atencao_basica.pdf