Existem numerosos estudos na literatura científica utilizando a beclometasona como corticóide inalatório na asma, inclusive com estudos que corroboram o uso desta medicação como corticóide de escolha para prevenção de crises em pacientes de países em desenvolvimento, por ser uma medicação barata e efetiva. A budesonida e a fluticasona, embora mais caras, têm potência tópica maior que a beclometasona, exigindo menores doses para mesma eficácia em relação a beclometasona, sendo, por isso, utilizadas em pesquisas e em saúde pública nos países desenvolvidos.
Um estudo comparou a eficácia clínica da beclometasona administrada através de dois dispositivos inalatórios (Pulvinal® versus Aeroliser®) e observou que a eficácia foi semelhante, tendo ambos igual aceitabilidade.
Encontramos duas revisões sistemáticas na Cochrane que abordaram a comparação entre o uso de fluticasona, beclometasona e budesonida em adultos e crianças asmáticas.
Um das revisões sistemáticas concluiu que o grupo que recebeu metade da dose de fluticasona comparado ao grupo que recebeu budesonida ou beclometasona em dose plena teve uma pequena melhora na medida do calibre das vias aéreas. Entretanto, parece ter um risco aumentado de dor de garganta e, quando recebeu dose plena de fluticasona, houve um aumento nas taxas de rouquidão. Os Ensaios Clínicos incluídos nessa revisão não encontraram evidência de que o uso de Fluticasona em doses superiores a 400mcg/dia em crianças leve a supressão de adrenal, apesar desse fato estar bem documentado na literatura.
Outra revisão sistemática concluiu que se o uso de corticóides inalatórios é necessário para controlar a asma em crianças, recomenda-se que seja utilizado o mínimo possível da dose da medicação para atingir o controle da doença e que as crianças sejam monitoradas em relação ao crescimento
Ao se comparar o uso de corticóide inalatório profilático com placebo para prevenção de sintomatologia relacionada à asma e melhora da função pulmonar, observou-se que o corticóide inalatório é superior ao placebo. Ensaios Clínicos Randomizados realizados com crianças entre 5 e 16 anos de idade, apontam que o uso de corticóide inalatório é mais efetivo que o uso de broncodilatadores de longa ação em relação a melhora da sintomatologia e função pulmonar em crianças com asma.
Portanto, observa-se que a literatura é consistente em relação à recomendação do uso de corticóide inalatório para a prevenção de crises de asma e que os dados encontrados fornecem idéia de superioridade da beclometasona em virtude da segurança e preço para uso na Atenção Primária a Saúde no Brasil. Porém, mais estudos são necessários para comprovar a segurança dessas medicações em relação ao crescimento e efeitos adversos quando usadas em doses altas. As diferenças encontradas entre as medicações (beclometasona, fluticasona e budesonida) são pequenas e não justificam contra-indicar seu uso.