Em qual tipo de feridas/úlceras está indicado o uso de papaína a 10%? Pode-se utilizá-la em úlcera isquêmica focal?

| 17 dezembro 2008 | ID: sofs-212
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O creme de Papaína 10% está indicado como desbridante químico e facilitador do processo cicatricial, como coadjuvante da antibiotecoterapia sistêmica de feridas infectadas.
Seu mecanismo de ação atua como desbridante químico, facilitando o processo cicatricial. Tem ações bacteriostáticas, bactericidas e anti-inflamatórias. Proporciona alinhamento das fibras de colágeno, promovendo crescimento tecidual uniforme.
Modo de usar na presença de tecido de granulação a concentração deverá ser de 2%. Na presença de necrose de liquefação a ferida deverá ser lavada em jatos com solução de papaína de 4 a 6% diluída em solução fisiológica. Na presença de necrose de coagulação na concentração de 8 a 10%, após efetuar a escarectomia.
Se houver a possibilidade de papaína associada à uréia, estes dois agentes têm o intuito de aumentar a ação do desbridamento químico.
Contra Indicação em pacientes com sensibilidade à substância ou outro componente da formulação.
Efeitos Adversos. Sensação de queimadura. O exsudado liquefeito da digestão enzimática pode irritar a pele. Lavagens e limpeza freqüente da área ao redor da lesão pode aliviar o desconforto. Informações Complementares Evite lavar as lesões com peróxido de hidrogênio em solução, pois pode inativar a papaína. Usar para lavagem soro fisiológico ou papaína 4 – 6 % em soro fisiológico.A substuição do curativo está indicado em média, a cada 12 horas. Este procedimento tem grau de recomendação C.
Conclui-se que o creme de papaína pode ser utilizado em úlceras isquêmicas focais desde que se observe a lesão avaliando suas características para determinar a concentração do creme de papaína.
Cuidados especiais com os membros isquêmicos: nunca aquecê-los, nunca esfriá-los, nunca comprimi-los e não usar produtos químicos proteolíticos ou irritantes. Mantê-los protegidos com meia de lã ou algodão, algodão ortopédico, sem compressão, etc. Não retirar as cutículas (película que se destaca da pele em torno das unhas). Ao aparar as unhas, deixá-las além do hiponíquio (zona córnea da ponta do dedo que se espessa) para prevenir infecções subungueais.
O paciente deve repousar de 20 a 30 minutos a cada duas horas com o membro afetado pela lesão isquêmica elevado acima da linha do coração.

 


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Bibliografia Selecionada:

  1. Baptista-Silva JCC. Isquemia crônica crítica de membro: diagnóstico clínico. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMA; 2003.
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  3. Candido L C. Tratamento Clínico-cirúrgico de feridas cutâneas e crônicas. 1a ed. Santos, SP: Hucitec; 2006.
  4. Ferreira SRS, Périco LAD. Assistência de Enfermagem à Pacientes com Feridas em Serviços de atenção primária à Saúde. Mom. & Perspec. Saúde. 2002; 15(1): 39-52.