A estratégia básica para alcançar bons resultados é utilizar intervenções breves antes que o paciente tenha desenvolvido sintomas maiores de dependência de drogas e, provavelmente, uma variedade de problemas associados. Tais abordagens estão de acordo com as recomendações de cuidados menos intensivos e mais focalizadas. O impacto cumulativo dessa estratégia deve resultar em maior número de indivíduos sofrendo intervenção de baixo custo nos estágios iniciais do uso nocivo de drogas, ou mesmo antes que os problemas tenham surgido. São justamente esses os períodos em que o prognóstico é mais favorável.
Apesar do nítido pessimismo entre alguns profissionais da saúde a respeito de sua capacidade para intervir efetivamente nos casos de problemas relacionados ao consumo de drogas (entenda como drogas, toda e qualquer substância nociva a saúde), evidências sugerem que o aconselhamento breve, dispensado pelos profissionais de saúde previamente treinados, é uma intervenção prática e efetiva para muitos abusadores de drogas, incluindo os bebedores excessivos e os bebedores-problema.
Um ensaio clínico randomizado realizado na Europa mostrou que bebedores excessivos tratados desta maneira apresentavam redução de 80% nas faltas ao trabalho por doença, de 60% nos dias de hospitalização e de 50% na mortalidade para um seguimento de 2 a 5 anos, quando comparados com um grupo-controle (Grau de Evidência A). Outro ensaio clínico randomizado, conduzido no Estados Unidos, encontrou redução significativa do uso de álcool na última semana e do número de episódios de intoxicação (binges), além de diminuição da freqüência de uso excessivo de álcool no grupo de tratamento com aconselhamento breve quando comparado a um grupo-controle. As diferenças foram constatadas durante os seis meses de intervenção e mantiveram-se em um seguimento de dois anos (Grau de Evidência A).
No Brasil, uma adaptação do modelo canadense de intervenção breve mostrou resultados comparáveis com a psicoterapia de grupo, esta última tendo a vantagem de atingir diversos pacientes simultaneamente, porém exigindo profissional especializado e maiores investimentos.
Há, no entanto, pacientes com um elevado grau de comprometimento da saúde e com grande resistência a abordagens simples, exigindo intervenções de maior complexidade, e em geral a cargo de especialistas em dependência química. O manejo adequado de cada caso depende, além do diagnóstico, de outras características do paciente, do terapeuta e da intervenção proposta. Portanto, como diversos estudos têm demonstrado, a eficiência da abordagem depende da indicação de um mobilidade terapêutica adequada as características específicas do paciente.
Estudo de Grau de Evidência A examinou quinze modalidades de tratamentos com usuários de drogas/álcool e revelou que os mais eficazes são as terapias cognitivas comportamentais que incluem treinamento de habilidades sociais, reforço comunitário e terapia familiar.