Frente a um paciente com fibrilação atrial (FA) assintomática identificada recentemente, a primeira conduta a ser tomada é avaliar a necessidade de encaminhamento a um serviço de urgência, que deve ocorrer no caso de pulso maior que 150 bpm e/ou pressão arterial baixa (PA<90 mmHg). Descartada urgência, é importante procurar identificar possíveis causas ou fatores precipitantes, por meio da avaliação dos seguintes exames:
- Eletrocardiograma (ECG) – a princípio já realizado (é possível identificar condições como Hipertrofia ventricular esquerda, infarto do miocárdio prévio, etc);
- Testes de função tireoidiana (excluir hipertireoidismo);
- Hemograma completo (excluir anemia);
- Creatinina, eletrólitos, cálcio e glicemia (excluir distúrbios eletrolíticos que podem precipitar fibrilação atrial);
- Testes de função hepática e testes de coagulação (para avaliar uso de varfarina);
- RX tórax (avaliar anormalidade pulmonar, também pode auxiliar na detecção de insuficiência cardíaca);
- Ecocardiografia nos casos em que não for necessário encaminhamento ao cardiologista (vide abaixo), quando houver risco aumentado ou suspeita de doença cardíaca subjacente (ex: sopro ou sinais de insuficiência cardíaca); ou ainda quando pode ser necessário para avaliar necessidade de início de terapia antitrombótica.
O manejo medicamentoso da FA na APS inclui fármacos para o controle do frequência cardíaca (FC) e deve ser iniciado para todos os pacientes que não requerem avaliação de urgência, independente da necessidade de encaminhamento ao cardiologista para consideração de tratamento do ritmo cardíaco, quando: a FC de repouso é maior que 90bpm; a FC é acelerada durante o exercício a ponto de gerar intolerância. A escolha inicial deve recair sobre um beta-bloqueador (ex: atenolol) ou antagonista de canal de cálcio (ex: diltiazem), dependendo das medicações em uso e comorbidades. Digoxina pode ser considerada em pessoas mais velhas e sedentárias nas quais o controle da FC não vai ser necessário durante o exercício.