Qual o curativo ideal em casos de osteomielite pós-traumática?

| 6 setembro 2017 | ID: sofs-36830
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

O curativo ideal nos casos de osteomielite pós traumática depende de cada momento da evolução da fase de cicatrização (4). No cenário atual, são inúmeras as opções de cobertura para feridas existentes no mercado. A avaliação de benefícios e custos são alguns dos aspectos a serem considerados no momento da sua escolha, e devem ser adequados à natureza, à localização e ao tamanho da ferida (4).


As osteomielites pós-traumáticas têm morbidade elevada, levando o paciente muitas vezes a lesões permanentemente incapacitantes, do ponto vista físico e/ou psicológico, e/ou a tratamentos onerosos e prolongados. Portanto, o controle de fatores como antibioticoterapia, tempo de exposição, resistência bacteriana ao antimicrobiano usado, grande dano tecidual e localização da fratura é importantíssimo para anular o efeito preditivo de infecção em fraturas expostas.
No entanto, a osteomielite é uma complicação frequente em lesão infectada, devendo ser considerada principalmente em pacientes com falha de cicatrização em lesões adequadamente tratadas, especialmente quando há exposição óssea ou articular (1). Com a exposição de tendões e fáscia não é indicado utilizar desbridantes enzimáticos. É importante atentar para a presença desses tecidos durante a realização de desbridamento instrumental (1).
Existem diversos fatores que dificultam a cicatrização de feridas tais como: o tempo de evolução da ferida, sua extensão, profundidade, pressão contínua sobre a área lesada, infecção, edema, tabagismo, alcoolismo, uso de agentes tópicos inadequados, uso de antibióticos locais, técnica inadequada de curativos, idade, aporte nutricional inadequado, obesidade, anemia, uso de medicamentos sistêmicos, (anti-inflamatórios, imunossupressores, quimioterápicos, radioterapia), estresse, ansiedade e depressão (2,3).
Sendo assim, a irrigação da lesão auxilia na remoção de tecidos desvitalizados, reduzindo a carga bacteriana, promovendo a limpeza e melhorando a visualização do leito da ferida. Não está indicado secar ou esfregar o leito da lesão após a irrigação. Secar apenas a área perilesional. A irrigação deve ser realizada em todas as trocas de curativos. Técnica de irrigação é realizada através de colocação de agulha 40×12 em frasco de solução fisiológica 0,9%. A pressão exercida pelo jato da solução salina apoia na limpeza sem lesionar o leito da ferida. Indica-se o uso de solução fisiológica, preferencialmente aquecida, para não resfriar o leito da ferida (vasoconstrição). Caso sobre soro fisiológico do frasco utilizado para a limpeza da lesão, não reutilizar para reduzir a contaminação cruzada (1).
O desbridamento é um componente padrão do tratamento da ferida quando há tecido desvitalizado. Deve ser descontinuado uma vez que o tecido necrótico tenha sido removido e o tecido de granulação esteja presente. Pode ser mecânico (consiste na aplicação de força mecânica sobre o tecido desvitalizado a fim de facilitar a remoção, promovendo um meio ideal para a ação de coberturas primárias), autolítico (a utilização de coberturas primárias (que entram em contato direto com a ferida) que mantém úmido o leito da ferida e permitem ação de enzimas proteolíticas, agindo sobre o tecido desvitalizado), enzimático (consiste na aplicação tópica de enzimas desbridantes diretamente no tecido desvitalizado) ou instrumental (utilização de material cortante (pinça, bisturi ou tesoura). Pode ser conservador, realizado por médico e enfermeiro em ambiente ambulatorial ou domiciliar; ou cirúrgico, executado por médico cirurgião (1).

Atributos
A atenção primária a saúde tem um importante papel ao desempenhar a função de coordenação do cuidado, que é entendido como a capacidade de responsabilizar-se pelo usuário (saber o que está acontecendo com ele) e apoiá-lo, mesmo quando este está sendo acompanhado em outros serviços de saúde (6).
No cuidado de feridas é importante o conceito longitudinalidade que é baseado numa relação pessoal de confiança ao longo do tempo entre indivíduos e a equipe de saúde da família, por meio dessa relação os profissionais conhecem os pacientes e isto possibilita uma maior resolutividade (2).
Nesse contexto a Equipe de Saúde tem papel fundamental em garantir a integralidade e a continuidade do cuidado tanto ao paciente como a sua família (6).

Bibliografia Selecionada:

  1. Alves V. S. et al. Relato de Caso: cuidados com a pele de adultos em uso de fixador externo em membros inferiores: série de casos. Estima Revista da Associação Brasileira de Estomatoterapia: estomias, feridas e incontinências. V.3, n.13. 2013. Disponível em: https://www.revistaestima.com.br/index.php/estima/article/view/334. Acesso em 16 maio 2017.
  2. Nucleo Telessaúde Rio Grande do Sul. Telecondutas – lesão por pressão. Versão Digital 2017. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/telecondutas/tc_lesaopressao.pdf Acesso dia 15-05-17.
  3. DERMIS. Dermatology Information System. Heidelberg: University of Heidelberg, 2017. Disponível em: http://www.dermis.net/dermisroot/en/home/index.htm. Acesso em: 16 maio 2017.
  4. DERMQUEST.COM. DermQuestImage Library. Laussane: Galderma, 2017. Disponível em: https://www.dermquest.com/image-library/ Acesso em: 16 maio 2017.
  5. Núcleo de Telessaúde Sergipe. Como acontece a cicatrização de feridas e como orientar usuários e equipe no roteiro de acompanhamento? Segunda Opinião Formativa. 2015 Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/como-acontece-a-cicatrizacao-de-feridas-e-como-orientar-usuarios-e-equipe-sobre-o-roteiro-de-acompanhamento/ Acesso em 16 maio 2017.
  6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_feridas_final.pdf Acesso em 16 maio 2017
  7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. O trabalho do agente comunitário de saúde.. Brasília : 2009. 84 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf Acesso em 16 maio 2017.