Qual forma para abordar um idoso que recusa realizar a vacina da influenza?

| 28 julho 2015 | ID: sofs-21570
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,

Esta é uma discussão para a qual existem algumas considerações bastante interessantes. Sabemos que as vacinas são necessárias para controlar doenças graves e a não vacinação em massa pode provocar a morte e o sofrimento de milhões de pessoas. Uma pessoa que decide não se vacinar pode colocar em risco seus familiares e pessoas próximas e a sua comunidade, não sendo, portanto, uma atitude sem consequências.
De acordo com a Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do idoso e toma outras providências: Art. 3°- é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
A garantia de prioridade compreende: atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; e garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais (1).
Assim, devemos usar de múltiplas estratégias para convencer aos usuários dos benefícios da vacinação. Uma boa estratégia é agendar uma consulta para o profissional que tem melhor vínculo com o usuário e/ou família para que nesse momento sejam explicados com clareza ao usuário, os diversos benefícios da vacinação, como o procedimento é realizado e os possíveis riscos aos quais estará submetido ao realizar e também ao recusar a vacina.
Após essa explicação o usuário pode ser convidado a visitar a sala de vacinas, dessa forma terá contato direto com o processo de armazenamento das vacinas. Folhetos explicativos das campanhas de vacinação com ilustrações podem ajudar. Ressalta-se ainda, que os Agentes Comunitários de Saúde podem facilitar o acesso do usuário e da família até a Unidade de Saúde e nos casos em que não for possível a ida até a unidade, a equipe deverá se organizar e realizar uma visita domiciliar pré-agendada para que a vacinação ocorra (2). O diálogo entre profissionais e usuários é bastante importante, para que estes entendam, por conhecimentos passados pela equipe, que a vacinação trará benefícios para sua saúde.
Deve ser enfatizado ao idoso, que a vacina contra influenza é segura e uma das medidas mais eficazes de prevenção a complicações e casos graves de gripe. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza. Como o organismo leva, em média, de duas a três semanas para criar os anticorpos que geram proteção contra a gripe após a vacinação, é fundamental realizar a imunização no período da campanha para garantir a proteção antes do início do inverno. O período de maior circulação da gripe vai de final de maio a agosto (3).


Complementação

A chegada do inverno acende um sinal de alerta para as doenças respiratórias, como a gripe. Pensando nisso, o Ministério da Saúde lança anualmente a Campanha de Vacinação contra a Gripe.
A vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde protege a população contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para este ano (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B).  O público-alvo da campanha é formado por crianças de seis meses a menores de cinco anos; pessoas com 60 anos ou mais; trabalhadores da saúde; povos indígenas; gestantes; puérperas (mulheres até 45 dias após o parto); população privada de liberdade; e os funcionários do sistema prisional.
Também são vacinadas pessoas portadoras de doenças crônicas não-transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais. A definição dos grupos prioritários segue a recomendação da Organização Mundial de Saúde, além de ser respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias, cujo principal agente os vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias. É importante levar o cartão de vacinação e o documento de identificação para receber a dose. As pessoas com doenças crônicas ou com outras condições clínicas especiais também precisam apresentar prescrição médica especificando o motivo da indicação da vacina.
Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receberem a dose, sem necessidade de prescrição médica (3).

Medidas de Prevenção – A transmissão dos vírus influenza acontece por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar. Também ocorre por meio das mãos e objetos contaminados, quando entram em contato com mucosas (boca, olhos, nariz). À população em geral, o Ministério da Saúde orienta a adoção de cuidados simples como medida de prevenção para evitar a doença, como: lavar as mãos várias vezes ao dia; cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar; evitar tocar o rosto e não compartilhar objetos de uso pessoal.
Em caso de síndrome gripal, deve-se procurar um serviço de saúde o mais rápido possível. A vacina contra a gripe não é capaz de eliminar a doença ou impedir a circulação do vírus, por isso, as medidas de prevenção são muito importantes, particularmente durante o período de maior circulação viral, entre os meses de junho e agosto.
Também é importante lembrar que, mesmo pessoas vacinadas, ao apresentarem os sintomas da gripe – especialmente se são integrantes de grupos mais vulneráveis às complicações – devem procurar, imediatamente, o médico. Os sintomas da gripe são: febre, tosse ou dor na garganta, além de outros, como dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração (3).

Reações Adversas – Após a aplicação da vacina, podem ocorrer, de forma rara, dor no local da injeção, eritema e enrijecimento. São manifestações consideradas benignas, cujos efeitos costumam passar em 48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores ou para pessoas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados. É importante procurar o médico para mais orientações (3).

Atributos APS

ACESSO – O usuário deve ter garantido seu acompanhamento regular na sua Unidade de Saúde e é através dela, conforme suas necessidades, que será encaminhado para outros pontos do sistema de saúde.
INTEGRALIDADE – Garantia da atenção à saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde.
LONGITUDINALIDADE – É essencial que haja o acompanhamento constante do paciente pela equipe de saúde, tanto na unidade como na comunidade em que está inserido.
AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE (intersetoriais e educativas) – A Equipe deve planejar ações de prevenção de acordo com os problemas levantados na comunidade e também em períodos de campanhas preventivas, incluindo ampla divulgação e informação à população sobre as ações de prevenção, incluindo os benefícios da vacinação.

SOF Relacionadas:

1-      Quais são os sinais e sintomas da Influenza A (H1N1), seus riscos e complicações? Como preveni-la?

2-      A aplicação da vacina da gripe necessita de intervalo mínimo após outras vacinas?

3-      Qual a importância da vacina H1N1?

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Estatuto do Idoso. Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003. Acesso em 28/julho/2015.  Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
  2. Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul. O que fazer quando as mães não desejam vacinar seus filhos ou quando as vacinas estão em atraso? SOF, 2009. Acesso em 28/julho/2015. Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/o-que-fazer-quando-as-maes-nao-desejam-vacinar-seus-filhos-ou-quando-as-vacinas-estao-em-atraso/
  3. Brasil. Ministério da Saúde.  Sergipe deve vacinar mais de 361 mil pessoas contra a gripe. Portal da Saúde, 2015. Acesso em 28/julho/2015. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/17579-sergipe-deve-vacinar-mais-de-361-mil-pessoas-contra-a-gripe