Qual é a redução de risco para mortalidade geral quando um paciente com doença arterial coronariana pára de fumar?

| 22 outubro 2007 | ID: sofs-13286
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

Pacientes com Doença Arterial Coronariana (DAC) que param de fumar têm substancial redução do risco relativo para mortalidade geral, da ordem de 36% (RR de 0.64 – 95% IC 0.58 to 0.71).
Uma revisão (1) mostrou que pessoas que param de fumar após o diagnóstico de  DAC ou após revascularização tem uma substancial redução do risco de morte por todas as causas. Entretanto, a grande maioria dos estudos foi realizada em países de cultura ocidental, exceto dois (realizados na Polônia e Índia). O número de mulheres foi relativamente bastante menor, sendo que 6 dos trabalhos incluíram apenas homens. A média de idade dos participantes foi de aproximadamente 55 anos, ligeiramente menor que a média da população com DAC. A maioria dos estudos foi desenvolvida no ambiente hospitalar, em grande parcela pacientes pós-infarto do miocárdio, havendo poucos estudos desse tipo na população em geral. Isto relativiza sua validade para a nossa realidade. A maior parte dos dependentes de nicotina podem ser tratados na Atenção Primária (APS), sendo o cenário mais adequado e acessível para um acompanhamento contínuo em longo prazo. Isto exige dos profissionais da APS competências clínicas para abordar esse tipo de problemas de saúde. Implica em investimento dos gestores de saúde em promover tal capacitação.


Sumário das evidências
Foi realizada uma meta-análise de todos os estudos de coorte que atingiram os critérios de qualidade pré-definidos. 23 estudos foram avaliados, com tamanho amostral total de 12.603 fumantes na linha de base, dos quais 5659 pararam de fumar e 6944 mantiveram o hábito. O período de seguimento teve em média de 5 anos. 5 estudos incluíram pacientes pós-revascularização cirúrgica ou pós-angioplastia.
Observou-se redução relativa de risco de mortalidade por todas as causas da ordem de 36% no grupo que parou de fumar após diagnóstico de DAC quando comparado com o grupo que não cessou o hábito de fumar (RR 0.64, 95% IC 0.58 to 0.71). Observou-se também redução relativa de risco da ordem de 32% para a incidência de infartos do miocárdio não-fatais nos pacientes que deixaram de fumar (RR 0.68, 95% IC 0.57 to 0.82).
Essas reduções de risco parecem ser substanciais mesmo quando comparadas com outras terapias profiláticas de prevenção secundária da DAC, tais como a redução do colesterol total. A redução de risco associada à cessação do tabagismo em portadores de DAC parece ser consistente, independentemente das diferenças entre os estudos, no que diz respeito à incidência de eventos cardíacos, idade, gênero, país e período de tempo após a cessação.
Esta revisão sistemática não foi capaz de identificar quão rápido o risco relativo para mortalidade geral diminui após a cessação do hábito de fumar entre pacientes com DAC.

Bibliografia Selecionada:

  1. Critchley Julia A, Capewell Simon. Smoking cessation for the secondary prevention of coronary heart disease. Cochrane Database of Systematic.  The Cochrane Library, Issue 2, Art. No. CD003041. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD003041 Acesso em: 10/março/2015.
  2. Vlietstra RE, Kronmal RA, Oberman A, Frye RL, Killip T 3rd. Effect of cigarette smoking on survival of patients with angiographically documented coronary artery disease. Report from the CASS registry. JAMA. 1986 Feb 28;255(8):1023-7.