A etiologia da estomatite aftosa recorrente (EAR) não é compreendida claramente e o tratamento das lesões visa, essencialmente, o alívio da dor, aceleração do processo de cura e impedir ou pelo menos reduzir a sua taxa de recorrência. Existe uma grande variedade de terapias tópicas e sistêmicas, mas até agora nenhum estudo mostrou evidência clara da eficácia de qualquer uma delas. (1) Quando as úlceras são pequenas, provocam pouca dor e são infrequentes, podendo se optar em deixá-las involuir espontaneamente, realizando apenas a observação das lesões. (2) A terapia tópica tem ação essencialmente sintomática e está indicada em casos pouco severos e para a abordagem inicial em casos mais severos, sendo utilizada como coadjuvante do tratamento sistêmico.
Ela tem a vantagem de possuir pouco efeito colateral e menor chance de interação medicamentosa. (3, 4)
As opções de medicamentos são:
- Corticosteróides tópicos: o fármaco mais utilizado é o acetonido de triancinolona (orobase), aplicado 2 a 3 vezes ao dia por até 7 dias, sendo mais eficaz quando utilizado em estágios iniciais. Outras opções são o gel de fluocinonida e o propianato de clobetasol. Elixir de dexametasona e aerosol spray de dipropionato de beclometasona são alternativas utilizadas nos caso de ulcerações múltiplas e localizadas em lugares de difícil acesso, como no palato mole ou orofaringe. (3, 5) Deve-se atentar, pois o uso prolongado de corticóide tópico pode favorecer o desenvolvimento de candidíase oral. (6)
- Antissépticos locais: o uso de gluconato de clorexidina 0,12% para bochechos ou gel 1% pode reduzir o tempo do ciclo de evolução da úlcera, aumentar o intervalo entre uma lesão e prevenir a ocorrência de infecções bacterianas ou micóticas secundárias (3, 5)
- Analgésicos tópicos: pode-se optar pelo uso de gel de lidocaína para promover uma analgesia local. Ele deve ser massageado no local da lesão e é utilizado principalmente antes das refeições. (3, 4, 5)
- Antibióticos locais: demonstram bom desempenho na eliminação de infecções bacterianas secundárias das EAR. Bochechos com tetraciclina podem reduzir a dor, mas podem causar disgeusia, candidíase oral e sensação de queimação na faringe. Além disso, não podem ser usados em crianças por provocarem danos aos dentes. (3, 4)